quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Dramático encontro de Lola e Peixoto.


"Que mania que você tem de sentar em qualquer canto, olha onde você está sentado agora, em cima de uma camisinha esporreada. Gabo; o primeiro homem grávido, depois de Deus. Sua filha; Joana da pureza, nasceu do cu dele."

A escritora K.B Luda está parada num canto, esperando numa sala de star_ muito limpa, com aromas suaves_ O editor do seu futuro livro. Enquanto espera, rabisca qualquer bobagem no papel, porque ela é fominha de palavras, anota tudo que pode, pois nunca se sabe.

Lá fora, longe da existência do olhar de K. B Luda...

Lola passava de vestido indiano curto e decotado. Era uma alma de creom preto desenhada num corpo branco, destilando um meio-fio sem olhar para trás, de sandálias baixas, com decores de flores, que é o que fica escondido nas superficie das coisas, flores e enfeites. A gente pisa para não exibir, e eu estou falando de sandália.

Na mesma calçada, em caminho inverso, o velho Peixoto passa tentando disfarçar o pau firmando-se entre suas fraudas geriátricas, sendo assim acendendo um cigarro, Lola esbarra-se de próposito nele, lhe impedindo de fumar, só para se olharem depois, ou talvez, trocarem até um "desculpe". Se olharam, mas não pediram desculpas um para o outro, ela notou o firmamento, e ele reparou que há maldade nela, afinal, Deus não faria um corpinho desses para a bondade.

Ela sorriu concordando e exibiu de graça e de leve as suas duas covinhas na bochecha, covinhas que pensavam e diziam: "Deixa eu trocar sua frauda vovô?"

"Oh sim! Claro! Eu digo sim! Mafalda! Deixe, vá assistir sua novela, que a minha netinha cuidará, essa noite, de mim, não é mesmo minha linda?"

Malicias no olhar e luvas no coração. As sardinhas no seu rosto brincavam de pick-esconde, as vezes mudavam de lugar.


Enquanto isso, longe da existência do olhar de Lola e Peixoto, a escritora K.B Luda continua inerte num sofá estolfado de um azul marinho quase sem vida, escondendo seu sexo com um exemplar de "Azul bebê", seu novo livro. Há anos não publicava nada, desde do ano retrasado, quando começou a se envolver com alcool e a falar a verdade, um inferno duradouro! Havia charopado de escrever, na verdade, não gostava nem um pouco de escrever, não carregava aquela linha tênue Clarice Lispector, de escrever para se sentir viva. K. B Luda sabe o que ela quer, ela escreve como um homem, e se comporta muito mau, por isso a intolerância das editoras, hoje em dia, ela sabe que não há mais estrelismo nesse ramo, você faz, você paga. Os editores não ficarão limpando as merdas que seus autores fazem por aí, isso se não me engano era na epóca do Charles Bukowski, será? Gostava mesmo era de dinheiro, e de dinheiro muito, não era fã de Clarice Lispector, e achava bem mais honesto fumar um baseado do que tomar um lexotan.

Escolheu um lugar para os seus olhos repousarem, acabou escolhendo os seios sardentos da secretária branquela, que já estava por demais angustiada por ter fingido o orgasmo na noite passada.

Um comentário:

Anônimo disse...

" E ele ,Dom,ainda esperar� em uma sala de 'star'....
Maravilhoso...

Beijos...