quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Moacir quer morrer


Não Slash, não Hendrix, muito menos Eddie Van Halen.
Admirava Frank Zappa, não pela pessoa que ele era, mas pela música que ele fazia. Inrrotulável, pelo menos foi isso que ele leu num artigo de uma revista de musica.
“Frank Zappa... Eu acho que eu tenho um disco desse cara lá em casa. Inrrotulável. Taí gostei!”
Não Meireles, não Bandeira, não Bukowski, nem Dostoievski.
Nem santo nem louco.
Nem marginal e nem insosso.
Criou no seu subconsciente uma espécie de trauma pela literatura, principalmente livros indicados por professores, indicados não, forçados mesmos.
Tentou ler “As Palavras” de Sartre, mas não entendia nada, tropeçava a cada palavra que consultava ao dicionário, desistiu, como que se desiste de se aborrecer, e deixar pra lá, era assim mesmo, não iria mudar.
É domingo, e noite também.
Num canto da casa esquecido, deitado no tapete sujo da sala, compartilhando com pequenas formigas restos de Crame Cracker que leva nas costas... Passando os seus olhos mórbidos e vagarosos nas formiguinhas indefesas que vão caminhando não sei pra onde, levando o alimento não sei pra quê.
Há seis dias não sai de casa, há seis dias o telefone não toca, tomou banho ontem, veio comer hoje, dorme sempre de meia, calça e luz acesa. Vai ao banheiro quando dá vontade, quase nunca, mas sempre volta para o seu estado de decomposição analógica, esperando alguém que nunca vai chegar, ou algo que nunca vai acontecer.
Esperando, sempre esperando...
Talvez se mate hoje, ou amanhã quem sabe, tanto faz. Pensa numa morte rápida e sem muito sangue, pois tem pavor a sangue. Veneno! Perfeito! “Acho que eu não tenho veneno aqui tenho? Merda, eu vou ter que comprar...” Vou me matar como se mata um rato, sem pena e com um leve toque de sordidez.
Levanta, fuma um cigarro olhando da janela as pessoas que parecem felizes.

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