No meu conto haverá doses fartas de orgias e sacrilégios, escatologia em um frenesi de angustia mesclada de amor, amores diversos.
amor-perfume, amor-urtiga, amor-gengibre.
Escrevo em pseudônimo, não por medo, mas por charme. No meu conto vai ser preciso esmagar os personagens principais para dar o titulo de mártir.
Devo dizer em principio, que tenho mal humor constante, sou viciado em coisas ilicitas, e não sei ser alegre o tempo inteiro. Por isso, peço que não repare se os meus personagens forem tristes e desencantados. Proponho em meu conto pitadas de sárcasmo sem sal, e ironias sem açucar, páprica, alfavaca, coentro e tomilho.
Sintaxe, sintaxe. Li em algum lugar que nas escolas deviam ensinar a rir com verdade, que para viver é preciso rir?
Mas, quem ensinaria?
O meu conto terá humor e pessoas feias, ou o humor das pessoas feias, que são os melhores humores, eu acho. Mas a maldade tambem reina soberana nas almas mais inocentes. E uma pergunta verdadeiramente descabida me tira o sono.
Quem não bebe, não fuma, não trepa, e só faz coisas boas, corre o risco de virar santa?
Deus criou a bondade com más intenções...
K.B Luda foi a primeira a nascer, não quer dizer que ela seja a mais velha, é só pura anarquia desmedida. K.B Luda é um pseudônimo de Pagu, roubada por mim. É uma escritora alcolatra que tenta escrever um romance eloquente, mulherzinha desprezada por editores em sã conciência.
Depois veio a Bete Balanço, feia, viciada, e desdentada, diz ela ser o alter ego de Dom, conciência e o escambal. É uma daquelas mulheres que todo mundo respeitam, mas que por trás enfiam a faca, é mulher de um cafetão_honras para negrinhas como ela_ Eles se beijam, e o beijo tem gosto de pedra. Diz que vai mudar todo manhã que vai mudar toda manhã que é espancada por ele.
Depois, certificando a sincronia das páginas anteriores, nasceu a velha revisitada, Maria Depressiva, na verdade, a primeira a nascer, irmã gêmeas-não-indênticas de Telma, Maria Deprê e sua saga em busca do seu espirito de porco. Criei o José tambem para fazer companhia a Maria, como Deus criou Eva para fazer companhia a Adão, que andava muito só, e que não via mais graça em sua Erva. É exatamente o que Maria é para José, o que José é para mim, eu sou José. Acho tudo isso que Maria faz uma loucura nescessária, José tem inveja da coragem de Maria, e vai começar a questionar a presença do seu espirito, se é que ele tem mesmo um.
Junto de Lola_ uma ninfeta com nome clichê_ somente porque eu tenho preguiça de inventar nomes, nasceu tambem, quase, senão ao mesmo tempo, o Peixoto, um velho rugoso e pedófilo. Tão triste e inveterado quanto o domingo.
Dom, filho do meio, o terço da metade, é jovem e criativo, é o filho perdido de Bete Balanço, eu tento não ser ele o tempo inteiro, visita chata que não vai embora e não deixa ninguem dormir. Tem dezesseis anos perdidos em impurezas, e escreve carta-padrões crua de ler. Foi bom Cristiano não está aqui, eu não iria escrever tanto. a.c. d.c. Cristiano sou eu antes de Cristo e depois de Cristiano. Só vive a milhão, sempre pra lá de bagdesh. O gêmeo bom de Deivide.
Deivide. Um cara que aparece na tevê, vendendo sangue e mertiolate.
Chegando no fim, no meio de uma roda vazia, me apareceu uma tal de Geruza Cardoso, uma entidade divina de Luly, achamos. Ela tava passando e resolveu parar, uma pobre nordestina analfabeta, pegou minha puta sem permissão, e nela riscou palavras fortes em letras de garrancho, é uma velha de voz esganiçada, velha cantora de blues etílicos, toma Keep Walker quando pode, e quando acha que deve, agora só quando eu permito. É uma daquelas senhoras que vai embora sem dar tchau.
Quase no fim, brotou Úrsula, pintora, artista plástica, pinta tudo o que vê, mas é miope e não ver muita coisa. Percebe mais do que sente, Úrsula é só como a madrugada.
Perto do fim o caralho, não posso esquecer de Joana e Xavier, vivem um romance conturbado, por serem iguais, e por não apreciar espelhos, vão ter um filho, e vão nascer gêmeos indenticos, daí em diante, serão felizes, eu prometo. Joana é meio Maysa, e tambem meio minha mãe.
Xavier é musico, meio eu, meio meu pai. Vivem as turras e pendengas, colecionam firulas pelo mê si nê.
Ta abafado aqui e isso me lembra presença de Lourival do Jázigo Perpetuo, apaixonado por jazz, envolvido por putas, por enquanto ta morto. Jaz aqui.
Mas não finaliza o ato, porque Dorotéia e o Gil Beleza está para nascer, moldados por duas mãos, tão especiais quanto a minha vida. Ganhou uma casa de livro. Quem casa quer casa não, quem casa quer livro. Pode ler em voz alta Guilherme! Ta para nascer um homem que gosta de uma esbórnia! Já nasceu, o Gil, o grande Otelo sem naçãol. Dorotéia é normal e foi criada por mim_O que não faz o Gil ser menos filho meu_ foge das carícias dos pais que a entupiram de Ritali, por ser tão lúcida grande. Corre da loucura Dorotéia! Corre! Foge dos teus pais e repousa numa sombra fresca!
Joaquim, porque quero que seja Joaquim, e como a minha ordem é a minha ordem, ele é. Não se sente bem em andar na linha, nunca escreveu por linhas tortas, o seu pai nunca lhe ensinou.
Teve pai? E o que sou eu então? Sou Soda Cáustica, e escrevo sobre vocês. O pai dos pseudônimos. Fernando Pessoa, pai dos heterônimos, pai de três muleques pagões. Isso porque ele tem paciência. Narrar me cansa.
Sou quase um Arcádio Buendia, e tenho uma familia pela frente.
Joaquim é filho de Joana, e Mateus é um segredo que você irão saber mais tarde, e eu não conto segredos, nem dou pérolas aos porcos.
Como é o nome da tua banda?
Banda de maçã verde.
Vou dormir, porque essa puta que eu escrevo já ta cansada e abatida.
Cada parágrafo é uma tala de fósforo acessa.
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