Úrsula é vazia, mãe chocolatra, ninfomâniaca, ciumenta possessiva por direito. Alguma coisa ela tem que comer.
Como era um domingo chato, daqueles domingos dispostos a aguar qualquer coração, Úrsula resolveu pintar, dar expressão a um rosto vazio numa tela mal acabada, ela nunca soube o que é a perfeição, é como um conto que nunca vai acabar, é uma tela nunca pronta, pois nunca está satisfeita, assemelha isso como o orgasmo tambem.
Úrsula gosta de comparar as coisas e se surpreender, as vezes. As vezes, eu gosto.
Seu pupilo bate a porta, amigos chegam e palpites palpitam. Eu tentei pintar tentando mostrar que não me importo com os outros, mas é tudo mentira. Úrsula se irrita e abandona a sala. Tatuagens hedonistas em cerejinhas no seio esquerdo. Eu fico pintando, tentando não pensar, mas aqueles que não tinham perdão e nada para fazer, borraram as cores da tela e tudo ficou com um peso tramontina, porque tudo o que eu faço tem um peso tramontina. No meu sangue não pulsa a leveza das coisas, a sutileza dos sonhadores convictos e compactos. Minha mente; area ventosa, onde a poesia passa longe, por outro caminho. Longe do coração e mais perto da casa do caralho.
Úrsula ainda emburrada, prepara um drink. De Medeiros Maderite Brotas, vizinho de longe, se ocupa com o gelo, três cubas de gelo para Úrsula, e dois para De Medeiros Maderite Brotas.
Saúde!
Oh! Por favor Úrsula, volte para a sala, aquele seu pupilo está destruindo toda a sua tela.
A tela é dele!
Mas o nome é seu! E se ele começar a desenhar uma buceta fumegante? Você tem um nome a zelar!
Que se foda essa porra toda! Meu tripé é meu sobrenome.
Ursula bebe o drink num só gole, e chupa o gelo numa sacada de noite fria.
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