sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Dom: Carta para a morte.
Você, minha querida morte, santissima puta dos burgueses, é boa para se apreciar de longe, suas pulgas me assustam quando você passa.
Elas vem me avisar da sua presença que se faz constante; do seu tabaco cubano, e do seu olhar pevertido, sempre sorrindo com um canto da boca.
Morte querida, com cheiro de cerveja adormecida, permanece em mim sempre um pouco bêbada, como os versos de Leminski.
Eu
e
meus
versos
Eu
versus
o
mundo.
Andando na praia, pisando nos buracos do universo, escalando as estrelas da alma.
Você que está aí, fritando um ovo, deixando a gema pro final. Se fartando de comida gordurosa num domingo tedioso, pizzas e centenas de latinhas de cervejas espalhadas em cima da mesa, já não levanta muito, nem pensa demais, tirou a tomada do telefone, não tem pra quem ligar. Você come e fica bêbado, licor de graviola.
Pois bem. Saia do seu mundo, mas não fique no meu, eu fui despejado do meu mundo, por ser bastante ausente, autista. A angustia mora no quarto dos fundos no bairro do meu corpo, e foi tu, querida morte, que foi a corretora, o impulso do meu fracassado.
Nos dentes de quem está perdendo os dentes você irá se encontrar, tu que é, eu que sou.
Os meus sentimentos são todos escondidos, e isso não é poesia, é desabafo etílico, é blues, céu azul. A morte é um homem jovem e bem conservado, a vida é uma preta gorda de turbante rosa na cabeça. A morte fode com a vida. E eu tô falando de sexo, oquei?
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