terça-feira, 7 de agosto de 2007

K. B Luda.



Eu poderia começar escrever sobre minha vida, mas não como uma biografia, pois ninguem me dar nada... (pausa para um trago de cigarro, e comer uma rosquinha.) Bem...


"Hoje não existe campo para juventude nenhuma, há trinta anos passados eu trabalhava no comércio... cinquenta viagens, subindo e descendo escadas..."


E como ela escreve rápido, por isso ninguem percebe.


"Eu sou branca e redonda, sou especial. Mas todos me "taqueiam", nem sei se existe essa palavra, "taqueiam", se não existe, eu exclareço, vem de taco. Eu caminho por uma mesa verde, e o meu trabalho é ser a unica numa mesa verde, eu detono a bola quinze, a bola dessesseis, a bola sete, a bola três, a bola dezoito. O meu dever é se localizar, centralizar as minhas rivais, e colocá-las a força e com um tanto de escrotidão, nos buracos que elas saem para divertir os bêbados. Eu sou uma bola puta, divirto os homens, tenho dois ou mais donos, sou uma puta especial, mais especial que a bola sete, mas faço parte de um jogo legal, legal não é bem a palavra. Mas eu não penso muito, só sou bola, bola branca. Mas quem me descreve? Quem escreve aqui agora sobre mim, sou eu. Uma mulher que toma pinga com adoçante em botecos fétidos, que joga as bitucas de cigarro no chão. Mãe, mãe de familia. De louca me chamam, não ouço porque corro."


Meu nome é K. B Luda, e tô nascendo agora depois de muita vontade. Os meus pés estão suando nesse frio que deixam as pessoas carentes.


"Na mesa verde, por pouco tempo resiste a bola dezesseis amarela, e a bola seis azul. Dois homens me disputam por brincadeira, e isso não é coisa de Deus, nem de Oxalá. Não que eu não tenha saído de casa para matar seis, pegar quinze e chupar doze, eu só estou aqui para beber, e cheguei num estágio da noite que eu não ouço mais ninguem, nem mesmo meu próprio coração, não falo porque estou ocupada a beber vodka que faz me esquecer e lembra-me do falo dos homens que vão sifudê comigo.


A brincadeira termina, e eu já estou cheia de sempre restar na mesa verde, é uma espécie de glamour que enjôa..."


A escritora K. B Luda está dormindo bêbada por cima dessas palavras, depois de ter vomitado toda a cerveja, não tem amigos e irá dormir na rua cinzenta.


"Eu, bola branca, puta especial. Volto ao esquema das bolas numeradas e coloridas na mesa verde, eu que sou cabeluda tambem, e não suporto mais o segundo round, bicho fora do jogo do bicho, bicho cabeludo que não morde e manca. 19. que bicho é?


Sei que vou ganhar mais uma vez, nessa noite que não termina, e me enjôo depois da sétima dose que me faz mais bonita e verdadeira. Sei não, acho que vou morrer daqui uns dias... de uns tempos pra cá...


Pavão e vaca. Eu sabia que iria dar vaca essa noite, mas só deu veado. 24 de junior. de mil noves cento de setenta e um..."


Essa puta é foda.


Alguem reboque a escritora K. B Luda do bar.

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