quarta-feira, 6 de junho de 2007

Uma carta para God-boy.


A verdade toda era que de perto, erámos leves idiotas! Idiotas por sermos mal explicados, idiotas por querermos dançar ciranda na lama escura.
Idiotas por falar o que pensamos um para o outro naquela noite até mais ver, foi tudo tão grotesco e tudo aconteceu tão rapido. O nigeriano ilegal, o sol, a pedra, meus impulsos, suas razões. Discutimos se Bentinho era corno ou não, lembra?
E nem entramos num acordo... E quando entramos?
Eu já perdi algumas folhas e um pouco do meu tempo, no final de tudo, a melancolia toma conta, e quando a tristeza abraça, quebra os ossos. É preciso sempre renovar o estoque.
Eu trabalho num almoxerifado de uma loja, onde tenho que usar um chapéu babaca e dizer bom dia para todo santo dia.
E você ainda desenha um destino triste pra mim...
Me dê um real, estou com fome e vou comprar uma promoção. A lagrima estacionada nos meus olhos ontem a noite, não surgiu de você, tenha dó! poupe suas explicações, eu sou um homem prático e só choro por mim mesmo, e também choro pelo menino que queria ser herói e perdeu no teste de aptidão.
Tudo derrepente declinou para o enfadonho, o sol noturno já havia ido embora, e eu até riria do meu alter ego se estivesse em outra posição.
Afaguei um cão na rua, e hoje ele me quer para toda vida. As saias com o tempo vão ficando justas, e a mamãe diz que eu tô crescendo, saber demais é sempre muito perigoso. Ô se é.
Rebocado do bar (parte dois)
Fui atropelado (parte três)
Dormir mal (parte quatro.) Quatro dias on the road na cidade do Vaticano.
Sabe o que é dividir uma cama de solteiro god-boy?
Sabe o que é disputar cobertor?
Sabe o que é sentir seu estômago nas costas, e as costas numa parede fria?
E o homem bêbado pegou o pano que se seria nosso acalento e dormiu no chão, como um cão. Eu fiquei por cima dos corpos, como um abutre. Eu tive uma sensação terrivel.
Achei que eu iria morrer de frio. Não como a simplicidade da frase "estou morrendo de fome" estou morrendo de frio" ditas por burgueses na rua das Horas.
Achei mesmo que iria morrer de frio, e não podia fazer nada, o meu joelho já batia na testa, e eu era de fato, um feto sem últero naquele momento.
Saber que vai morrer e não poder fazer nada deve ser algo terrivel.
Enquanto isso, no que chamam de chão, o homem bêbado gofa pequenas doses de morte e melancolia.

Um comentário:

Raquel disse...

Daquilo que li nos útlimos tempos, nada foi tão belo.

Em tempo:

"também choro pelo menino que queria ser herói e perdeu no teste de aptidão".

"As saias com o tempo vão ficando justas, e a mamãe diz que eu tô crescendo"

"Quatro dias on the road na cidade do Vaticano".


Três grandes prosas em três grandes versos.

Vale!