quinta-feira, 28 de junho de 2007

Devaneio n° 01

Olha, eu sempre volto atrás, eu sempre altero as coisa, risco outras, não gosto de me ler em voz alta, como num recital boêmio. Gosto de falar sobre mim bem baixinho, com olhos de drãgão, já peguei o macete, agora é só fluir...
Com o tempo leitores, caros e baratos amigos, vejam bem, com o tempo vocês vão me ler sem tropeçar.
"Me ler", frase solta né? Tudo é costume, até quem sai da depressão sente saudade dela.
Eu tenho medo da intensidade, do pouco sucesso que tenho, do muito que terei, assim espero. é o que todo mundo que escreve almeja! ganhar dinheiro com o que escreve.
Um dia, será cool gostar de mim, tomar no cool ninguem quer.
Mas em relação ao sucesso, tenho medo de ficar soberbo, ressalte em suas memórias que há crueldade em todo ser humano. Eu mesmo, as vezes gosto de cuspir na cabeça das pessoas.
Desconhecidos me chamam de gênio, dizem que sou seu escritor predileto, desconhecidos choram comigo, eu que não tenho nem postura, terei que inventar uma?
Ah não, nem quero, sou preguiçoso demais para fingir.
Prefiro guardar a lisonja, e convidá-los para tomar um shopp comigo.
Tenho medo da soberba, o mesmo tanto que Deivide tem do "achismo". Eu tenho medo de parecer falso.
E o que é o poeta então? Mas não é não, na verdade, quando tudo um dia fizer efeito, tambores rufando em meu peito, confetes e serpentinas em meu cabelo, auditórios e palmas para Dom Quixote, que ele merece! Luzes artificiais, maquinas fotograficas que trancafia as pessoas num só gesto. E puf!
O que eu vou querer depois?
Antes, quando eu mal escrevia, ou quando escrevia mal, não pensava em lucrar com as minhas desgraças, a quem interessaria? Estou cheio das sagas, de estórias longas, as pessoas gostam de grandes estórias...
Serei um guardador de contos! Ser poeta é tentar ser um pouco falso, não dá para se esconder atrás da poesia, é você ali, é você ali na prateleira da livraria.
Alguns textos meus valem o preço de uma pinga, ou de uma carteira de cigarro_Deivide que o diga_ mas não liguei tanto para isso, aquele texto que ele vendeu valia dois reais mesmo, tava bem xôxo.
Ele precisava beber, e eu queria fumar.
O foda foi ler para o pulha, que por sinal, era prefeito da cidade. ou algo do meio politico...
Um dia, talvez, eu seja um mediocre. Vou deixar de escrever para mim, e vou escrever as coisas que as pessoas gostariam de ler.
Um dia, talvez, eu não seja nada. Leia em voz alta esse texto e me chame de tolo sonhador.
Um dia, talvez, estarei sozinho, mas com cada ex-amigo meu guardando uma edição ilegal do meu livro legal nas profundezas da gavetas.
Um dia, talvez o dia não chegue.
Talvez nada aconteça. ou talvez, tudo.
E Viva as hipóteses!
Olha, tenho um poema bonito que fiz na página de ontem, numa manhã manteiga. Eu gosto tanto dele que logo irei enjoar.
Como as coisas que eu amo.

Nenhum comentário: