quinta-feira, 26 de julho de 2007

O Reino de Deus


Acreditem se quiser, tambem não me importo se não acreditam em tudo o que escrevo, o meu trabalho é narrar.
Pois bem, vamos ao fato para ele deixar de ser.
Numa lanchonete, uma panela de jovens cristãos discutiam hoje, ou ontem (depende do meu esforço)o que tinha e o que faltava comprar no reino de Deus. Eles acreditavam no paraíso e na vida eterna, porém, estavam um tanto desolados.
Uma gorda dizia que o pastor dela afirmou que no paraíso não teria casamento_Os camentos no paraíso devem ser eternos.
Os jovens crentes ficaram desesperados, afinal, todos querem gozar e abrir as pernas, e sendo eles crentes teriam que foder nos tramites legais da questão, como todos nós sabemos, com apenas um homem e só depois do casamento.
Mas como? Se especula a boca miúda que não vai haver casamentos no reino de Deus, ou no paraíso.
A discussão durou mais algumas horas, entre um lanche e outro a conversa saía mansa da boca dos jovens crentes, num tom unico e pastoso de voz... Era o desespero.
O desespero na maioria das vezes nos faz manter a calma. É claro, a gorda, nem as meninas que comiam pipoca Cheetos com uma ansiedade confusa não iria rodar a Maria Bethania e se descabelar ali na frente dos outros. Isso é coisa só para o quarto registrar, e registra, como os travesseiros que enxuga as lágrimas, duras penas de meninas doentias, para as bucetas aflitas, o dedo médio consola, mas não acalma. É, é aquele dedo que você põe na garganta leitora bulêmica, só para ficar um tanto psicológicamente mais magra.
Uma das outras se atreveu a falar: No inferno que deve ser legal né?
Foi censurada, era perturbador demais para o psicológico formado e retangular dos jovens crentes, acabou sendo chamada de louca e ficando sem Cheetos.
Eles procuraram até uma passagem na biblia, mas logo não acharam respostas.

Como é Deus? Seus fiéis querem explicações. E todos eles pensam em segredo. Aposto todos os meus cigarros que pensam:
"Puta-merda, eu me fodo todo nesse sol quente levando a porra da palavra do senhor para os mundanos sem palavras, só porque acredito no paraíso, eu não visto aquele vestido decotado que fica ótimo no corpo de minha prima, só porque eu acredito no paraíso, eu definho de inveja sorrindo, só porque eu acredito no paraíso. E o que eu ganho com isso? O que eu vou fazer no paraíso? Jogar baralho com um senhor que me rouba todo o tempo? Droga, tambem não é permitido jogos no paraíso, que cu! Eu nunca vou provar do gozo eterno?!"

O céu não admite superpopulacho, vocês já bastam e já pesam no saco de Deus, porque o céu, no fundo, é os culhões do Senhor.
Pronto, dei meu pitaco e esperei as mordidas.
"Bah, deixa ele pra lá! Rafael é abstrato."

Continuaram na prosa duvidosa, não lembro muito do fim de papo, não tenho uma memória muito boa, ainda bem, porque não ter memória é gozar no paraíso. Ta? Eu posso gozar lá.
Fui pintar o sete e os jovens crentes, temerosos a Deus, prefiriram segurar o firmamento de que, quando chegassem no paraíso e não tivesse nada para fazer, Deus preencheria nosso tédio num toque de mágica. Eles acreditam nisso, e é bom acreditar para chegar em algum lugar.
A minha certeza do dia é:
Todo jovem crente bate uma punheta sem justificativa.


(A foto desse belissimo desenho é do meu amigo Rick Van Pelt.)

3 comentários:

Anônimo disse...

È sempre "hilário" saborear textos tão bons quanto os teus...leio,releio..e o mais prazeroso é perceber sua magnifica capacidade de transformar anódinas passagens em extraordinários textos...Impecável!

Simplesmente dom..[Dom]

Guilherme N. M. Muzulon disse...

sabes comom ando sem tempo, chapa... mas venho quano ue puder e de uma vez dou aquela porrada.

Isa Dora disse...

Esse texto é o máximo, gostei mesmo. Interessante, instigante, prende do início ao fim. E um fim legal.

Beijo Dom.