quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ao vivo no Cabaret mineiro BH

Um palco, uma mulher gorda e escrota, uma dália, um copo cheio de uísque, e um guitarrista.

São esses o componentes de um show, tudo muito intimista, como sempre foi.

A cantora se chama Angêla Rô Rô, o guitarrista; Ary Ramos
segue o diálogo:



"Boa noite, obrigado por terem vindo, eu já vou abrindo o espetáculo confessando; sim, me entreguei a religião..."


alguém grita lá do fundo: Do alcool!


"Sim. Todas. Me entreguei a metafisica, mas fisica do que meta, tudo o que eu faço agora é pra Deus! As vezes eu não gosto, eu não aceito, mas a gente continua fazendo, enfim, e antes que alguém, de longe, me achando atraente, pense em ter uma fantasia sexual comigo, eu já declaro: é mera ilusão. Só nos resta viver, Ary Mendes."


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"Só nos resta viver... O negócio é o seguinte, a gente chega uma certa idade que a gente fica meio dúbia né? Uns dizem que a gente é jovem, outros não. hahaha, mas enfim, aí põe uma lista aqui com medo deu esquecer, cê entende? agora se eu tô caduca pra enxergar, eu não vou enxergar nem a lista... lógico que não! Isso coisa, é papo de 36 anos, quando a gente fica caduca mesmo a gente nem comenta, e eu não posso beber meu filho, que eu me lembro de tudo... ai, é um horror quando eu me lembro de tudo, foi tão traumatizante, tô me recuperando até hoje, ai, me tornei uma mulher nervosa, eu não eeera... Bom, em homenagem a todos os presentes, especialmente as mulheres nervosas, como eu. De Chico Buarque e Rui Guerra, Bárbara..


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Obrigada, muito obrigada. Eu procurei um lenço, mas não trouxe lenço, ninguém tinha lenço, eu trouxe uma meia, limpinha, que eu acabei de... comprar, novinha, é uma meia mesmo pô, cheira, sério. Mas é bom pra enxugar, melhor que o lenço, tanto olhado! (Pausa, funga com o nariz) Pra ser sincera, sabe de quem era essa meia? Eu não consigo ficar calada sem contar as coisas... Essa meia quem me deu foi o Fagner... depois que ele jogou com, com o Zico. (gargalhadas) numa... ah porra, eu não falo mais nada pra vocês, francamente, vocês maliciam tudo, ah, se não maliciaram era para maliciarem! Ó, o negócio é o seguinte... Aquela, aquela! Tem coisas na vida da gente... ai, por exemplo, essa cinta ta meio apertada, a cinta da Fafá de Belem, que eu peguei emprestada, é que ela emagreceu, ela emagreceu de tanto chorar em velório de politico, com todo respeito a terra, com todo respeito a terra! Aí ela não precisa mais, e eu peguei emprestada (Tosse irônicamente) Vamos parar de falar mau dos outros! Vocês hein! Vocês não tem um pingo de ética hein! O negócio é o seguinte, essa musica que eu vou cantar agora é uma daquelas coisas inexplicáveis... Olha eu segurando o vicio... que vergonha, laaarga. Mas o Caetano Veloso fez pra mim, e é tão bonita que eu canto, mesmo sem saber, que é uma musica que não tem nada haver com o repertório, não tem nada haver comigo. Então, de Catano Veloso: Escândalo.


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Eu disse que ela vinha, você me falou que ela não vinha, ela me disse que vinha, acho que ela não veio, tô tão insegura... acho que eu errei tudo até agora, vamos começar de novo? (imitando alguém) shoobedoo! eu tava falando com a Marina que o meu sonho era ter nascido com o corpo da Luisa Brunet.

E outro cérebro também, que tudo me encomoda, ôrra ôrrra, que destino! Mas, enfim. Que nada, é brincadeira Deus. Senão, avemaria, só de sacanagem ele me põe com o cérebro da Luisa Brunet, e o corpo da Margarete Itatia, hahahaha, não, não, eu tô brincando, pobrezinha da Luisa, a Luisa é uma pessoa ótima, ela não merece essa piada de mau-gosto (gargalhada). Olha que bagunça que ficou, isso aqui é um show gente, não parece não, mas é. O negócio é o seguinte, pra gente parar com a omissão, porque quando eu falo das pessoas, eu não me excluo da sociedade do sistema, e nem de todas as falhas humanas, obviamente eu não sou tão legal humana assim, então eu acho que a gente é muito omisso, a gente pega muito por omissão, porque quem faz barbaridades são poucos, são poucos que comandam a barbaridade, mas somos nós; muito, que dizemos amém pra elas, porque o negócio é o seguinte, todo mundo que sair, não quer.. se a coisa, a desgraça for longe, ta tudo bem, e eu fiz essa musica exatamente... (começando a chorar) porque eu sou uma burguesa arrependida, e... me preocupo muito com ecologia, sempre me emociono quando falam no veerde, nas plaantas, e nisso tudo nos pequenos animazes, e tudo, enfim. Quanto a omissão, Eu não!




Um comentário:

Alexandre Geisler disse...

aff qdo eu voltar na próxima vida, isso se eu voltar... eu quero ser que nem essa mulher, uma mulher escrota, despachada, livre!

depois dela só o caju cheio da cachaça mesmo!