quinta-feira, 26 de julho de 2007

O Reino de Deus


Acreditem se quiser, tambem não me importo se não acreditam em tudo o que escrevo, o meu trabalho é narrar.
Pois bem, vamos ao fato para ele deixar de ser.
Numa lanchonete, uma panela de jovens cristãos discutiam hoje, ou ontem (depende do meu esforço)o que tinha e o que faltava comprar no reino de Deus. Eles acreditavam no paraíso e na vida eterna, porém, estavam um tanto desolados.
Uma gorda dizia que o pastor dela afirmou que no paraíso não teria casamento_Os camentos no paraíso devem ser eternos.
Os jovens crentes ficaram desesperados, afinal, todos querem gozar e abrir as pernas, e sendo eles crentes teriam que foder nos tramites legais da questão, como todos nós sabemos, com apenas um homem e só depois do casamento.
Mas como? Se especula a boca miúda que não vai haver casamentos no reino de Deus, ou no paraíso.
A discussão durou mais algumas horas, entre um lanche e outro a conversa saía mansa da boca dos jovens crentes, num tom unico e pastoso de voz... Era o desespero.
O desespero na maioria das vezes nos faz manter a calma. É claro, a gorda, nem as meninas que comiam pipoca Cheetos com uma ansiedade confusa não iria rodar a Maria Bethania e se descabelar ali na frente dos outros. Isso é coisa só para o quarto registrar, e registra, como os travesseiros que enxuga as lágrimas, duras penas de meninas doentias, para as bucetas aflitas, o dedo médio consola, mas não acalma. É, é aquele dedo que você põe na garganta leitora bulêmica, só para ficar um tanto psicológicamente mais magra.
Uma das outras se atreveu a falar: No inferno que deve ser legal né?
Foi censurada, era perturbador demais para o psicológico formado e retangular dos jovens crentes, acabou sendo chamada de louca e ficando sem Cheetos.
Eles procuraram até uma passagem na biblia, mas logo não acharam respostas.

Como é Deus? Seus fiéis querem explicações. E todos eles pensam em segredo. Aposto todos os meus cigarros que pensam:
"Puta-merda, eu me fodo todo nesse sol quente levando a porra da palavra do senhor para os mundanos sem palavras, só porque acredito no paraíso, eu não visto aquele vestido decotado que fica ótimo no corpo de minha prima, só porque eu acredito no paraíso, eu definho de inveja sorrindo, só porque eu acredito no paraíso. E o que eu ganho com isso? O que eu vou fazer no paraíso? Jogar baralho com um senhor que me rouba todo o tempo? Droga, tambem não é permitido jogos no paraíso, que cu! Eu nunca vou provar do gozo eterno?!"

O céu não admite superpopulacho, vocês já bastam e já pesam no saco de Deus, porque o céu, no fundo, é os culhões do Senhor.
Pronto, dei meu pitaco e esperei as mordidas.
"Bah, deixa ele pra lá! Rafael é abstrato."

Continuaram na prosa duvidosa, não lembro muito do fim de papo, não tenho uma memória muito boa, ainda bem, porque não ter memória é gozar no paraíso. Ta? Eu posso gozar lá.
Fui pintar o sete e os jovens crentes, temerosos a Deus, prefiriram segurar o firmamento de que, quando chegassem no paraíso e não tivesse nada para fazer, Deus preencheria nosso tédio num toque de mágica. Eles acreditam nisso, e é bom acreditar para chegar em algum lugar.
A minha certeza do dia é:
Todo jovem crente bate uma punheta sem justificativa.


(A foto desse belissimo desenho é do meu amigo Rick Van Pelt.)

domingo, 22 de julho de 2007

Devaneio n° 0


Mas baixo do que eu se localiza meu pau e meus pés, tenho cigarros, e é uma boa noite para escrever. mas não. prefiro dormir, ou ler, ou ler para depois dormir, ou dormir e acordar e ler, ou acordar lendo, adormecer lendo...
Mas não. jamais escrever!
começo expurgando minha tristeza... e ela vai saindo assim como num assobio agudo.. escrever me dá ânimo, e não é ânimo que eu quero hoje.
É, não sei se sabe, mas eu gosto de esmorecer. É porque a tristeza, as vezes, é minha melhor companhia.
Ler é ouvir sem precisar de palavras. É um mudo falando, é um mundo falando.
Sensações...
E hoje, mais do que nunca, eu preciso dos amores felpudos*! Das cidades urgentes!
Não tem mais jeito, eu detesto a realidade, e a lucidez é um caso há muito tempo perdido.


*Amores felpudos ou almofadas. (Vivos, alegria-bicha, cor confortável)

Eu as vezes preciso de cores lisergicas, de conforto e de alegria-bicha que me façam rir sem interesses.
Bucetas de plantão! Pelotão! Avançar! De saco cheio mesmo, esqueça o literalmente e encare.
Saco cheio de porra!

sábado, 21 de julho de 2007

A Carta


Adeus crenças malditas. Vasos quebrados. Santa doença. Não mais te olho como um grande feito. Teus feitos já não são tão grandes assim - é tudo efeito. Efeito das tuas drogas, das tuas mãos e palavras recolhidas das bocas que se lamentam, que solicitam, que agradecem...
Vejo os truques do teu espetáculo. Percebi todos e bato palmas a ti consciente do que faço. Teu espetáculo é teu palco e nele represento. Apresento-me - assim como muitos fazem sem perceber e, bestificados com o teu talento mediocre, te aplaudem exaltando a eles mesmos. Tudo em prol da arte!!!


.: Me entrego afirmando isso: "bato palmas a ti consciente do que faço". Se eu bato palmas sabendo os "truques" sou mais um dos que se apresentam e te exaltam, exaltando a si próprio sem perceber. Já fiz/faço parte da "mediocridade" e adoro isso. Não te admiro; apenas gosto um tanto (bem significativo) de você - e isso é o mais verdeiro que posso dizer sobre.

Poderia considerar o momento. MAS NÃO HÁ O QUE CONSIDERAR.

abraços!

Sol.


(Uma carta de Sol para mim.)

A Réplica.


Ela queria ver a minha nudez atôa, enquanto eu escrevia, ela queria ver alem da minha nudez, mas a minha nudez também lhe interessava.
Olhe nos meus olhos. É uma pena que eu não deixo, não é mesmo?
Era desejo, é desejo. Eu a desejo somente porque é desejo.
Afinal, é somente desejo?
São essas perguntas que me torna um homem mais amargo, amargo como um uísque, não, divago, amargo com um campari.
Aquela cor rubra é mero engano.
Mas também havia medo.
Ela tinha medo do que lhe falei dentro daquela adorável salinha de estar, não sei se era mesmo adorável, ou se eu estava amável, mas no mesmo lugar que se amaram, os amantes se mataram, o sentimento se tornou intocável?
Havia dito que não se pode conhecer uma casa inteira no interior da pessoa, ela tinha medo, talvez, de se deparar com a sua própria face.
Todos nós somos um pouco ordinários, hipócritas, medíocres, e mais uma poção de coisas boas_ para equilibrar. Me desculpe, mas somos sim.
Ela tinha medo que os seus olhos registrassem na mente um ser humano imundo, um trapo de vida, um resquício de nada_essa é a palavra mais certa de todos os tempos.

Ela era burguesinha demais para denunciar a verdade com os olhos.
Quantas verdades completam uma mão?
Eu só tenho dez dedos e dezessete anos.

Devaneio n° 2


Alguns chamam de overdose, outros chamam de baixo astral, outros mais chamam de espiritos chiliquentos.
Eu, depois de anos sem nada acontecer, 10 anos curado de todo o mal, xarope do meu avô paterno que provou que me ama o bastante para não me deixar morrer.
Eu tive uma convulsão, andava com Gabo pela rua, depois de uma noitada, e tudo ficou muito down, eu caí no chão, troquei de olhos, enrrolei minha lingua, eu vi a morte com os olhos fechados, ou algo parecido com o que seria a morte, não sei, deviam me avisar antes, assim eu me precavia, vi minha vida inteira no átimo de segundo, Sol me provocando o tesão e Gina conformada e triste, para sempre minha mulher, Tão eterna que eu ainda não sei. Mas isso é coisa para mais duas primaveras.
Pai, eu tive uma crise de eplepsia.
Gabo sofreu coitado, Gabo que é meu pai.
"Rafa, eu beberia o teu vômito pra te deixar vivo."
Não é justo eu morrer hoje, eu estou ferido.
Ô meu Deus... Eu vou morrer sem saber tanta coisa...
Foi o que eu pensei respirando o ar da psicose.
Gabo gritava e colocava sua mão inteira na minha boca, ele queria salvar minha lingua e acabou ganhando alguns arranhões nos dedos. Ele queria me salvar, todos sabem, mas para mim, ele queria me matar, sufocando-me.
Gabo tentou me matar.
Deivide tentou me matar.
Eu tentei me matar.
Não sou eu que valho tanto.

Do romance que eu retalhei em contos.



Madruga de quarta-feira. Três e quarenta e duas da manhã.
Uma morte, pra ser mais exato, um homicídio, a noite é fria e feia, na falta de estrelas fica a penumbra, o isolamento dentro do carro que quebrou no caminho, para piorar chove, celular sem sinal, esse é o meu dia, desse do carro, prefere ficar molhado do que parado, enquanto mexe em qualquer coisa que faça o carro funcionar, pensa que as madrugadas chuvosas tem um quê de sombrio, chuva sem vento, apenas chuva, e apesar dela, no céu há centenas de urubus sobrevoando em círculos, nunca entendeu porque os urubus sobrevoam em círculos, de toda forma há sinal de carniça, ou de carnificina, podridão. Pronto. Gira a chave, o motor engasga, tenta novamente, engasga, ele já está ensopado, definitivamente esse é o meu dia, ou melhor, esse é o meu ano, o planeta saturno anda chateado comigo, gira a chave, o Ford treme, agora vai, engasga.
-Bosta!
Calma Salgado, calma, tenta de novo, a paciência faz o monge. Olha o motor mais uma vez, descobre a falha, é na bubina, tenta outra vez, gira a chave, o velho Ford treme, o motor faz barulho, o barulho que deixa Salgado feliz, o Ford pegou.
A equipe de Homicídios já está no local do crime, uma viela imunda onde dá abrigo a toda espécie de criatura noturna, morcegos, vermes, vira-latas, mutilados, corvos, homens-bicho, moscas-bicheiras e varejeiras, gatos, crianças, ratos, baratas, germes, misérias e pobreza. Um velho mendigo que falava com a sarjeta, e que não deixava os seus cinco filhos dormirem, pois ele berrava toda sua dor para a sua fiel confidente, foi ouvido com atenção por um dos policiais.
-O senhor sabe de alguma coisa? Como esse corpo veio parar no lixo?
-A única coisa que eu sei é que eu não sei de nada, não sei de nada, não vi nada, eu sou cego, eu sou mudo, eu sou surdo, pergunta a viela, ou então a sarjeta, eu não sei de nada, eu não sei de nada...
O farol ofuscante do velho Ford do detetive Salgado ilumina o rosto do mendigo e dos oficiais da milícia, alguns com capas, outros com guarda-chuvas, mas todos protegidos. Menos Salgado. E o mendigo. E os seus filhos. Parando o carro no meio de muitas viaturas com sirenes mudas e brilhantes. Desce do carro.
-Demorou detetive! (Dando um guarda-chuva a ele)-Houve um contratempo, o meu carro afogou. Mas vamos ao que interessa. O que houve?
-Um homicídio! Um corpo foi encontrado aqui nessa viela, no lixo, sete tiros no peito, e uma orelha arrancada.
-Pra variar. Ninguém sabe de nada?
-Não, só esse mendigo que mora aqui, mais ninguém. Eu já tentei de todas as formas arrancar alguma coisa dele, e não adianta, ele não sabe de nada, é maluco, não diz coisa com coisa.
-E quem fez a denuncia?
-Não quis se identificar.
Salgado tira do bolso do paletó ensopado, um Luck Stryke, acende enchendo o pulmão de fumaça.
-Cigarros?
-Não, obrigado, eu não fumo.
Fica alguns segundos segurando a fumaça no peito.
-Cadê o homem? Já retiraram do lixo?
-Sim senhor. Ele está ali.
Aponta para um corpo de um homem esguio, um pouco robusto, maltrapilho, cabelos desgrenhados, basicamente jeens, camiseta vermelha com o rosto do Che Guevara, moletom preto, e all star rasgado da mesma cor. O fotografo criminal com cara de sono e má vontade faz seu trabalho, tirando fotos em sua maquina estrangeira Minolta, disparando flashes numa dança de luzes e imagens lúdicas.
-Quanto tempo esse corpo está aqui?
-Não sabemos ainda, mas talvez... (Olha no relógio) 24h00 hs, um dia quem sabe.
-Aproximadamente 48h00 hs, dois dias quem sabe. Logo após a morte o corpo é invadido por seres necrófagos, moscas, besouros, pelo ciclo de vida, e habitat natural dos bichos, dá pra saber hora e local do crime, mas verifique isso com calma.
-Pode deixar senhor.
-Alguma identificação? Carteira de identidade?
-Está aqui, na carteira dele só tinha a identidade, camisinha, um Ice Kiss, algumas moedas, e uma foto de Jesus Cristo.
-Francisco Nazaré Dolstói. 22 anos.
-O que o senhor acha? (Salgado agacha-se, fitando o morto com os seus olhos de ave de rapina)-Olha, vou te falar... Se eu não soubesse que não existe mais ditadura, nem anistia, eu poderia jurar que isso era obra do demônio Médici contra um pobre comunista.

Doces tristes ou Dueto.


Olha como são adoráveis os ignorantes! Se não fosse eles, eu não estaria pensando até agora!

Oh! Leva-me embora, estou morrendo...

Perdão. Mas não quero acompanhar a tua tristeza até em casa. Lembra da Isadora Duncan? dance como ela, tu que dançou "O super fantástico amigo" porque bem cabia em você. Espero um copo de nectar, enquanto de vez em vez a tua cara alerta minha culpa, porque eu sou contagioso e a minha melancolia é pegajosa.

Preciso lhe falar mais e mais e mais. Está na garganta, se abro a boca, sai. Posso sorrir, mas não rir. Só depois, depois serei qualquer coisa que couber.

E o que fazer com a odiosa verdade de que todos nós somos qualquer coisa que couber?
E se abrires a boca sairá flores? Já que a primavera nasce dos dentes...
Iremos a um canto reservado e você me contará mais um segredo, não se espezinhe por dentro, não vale a pena, nada disso é real. É tudo uma ficção contada por algum desocupado. Se esquece que eu ainda tenho um Strait flush na manga esquerda? O prazo da minha boa vontade dura um curto tempo de um cigarro. Compre uma carteira para mim e me tenha ao seu lado e do lado das pessoas que me insultam em segredo.


Você colocou flores em minha boca. A primavera dos dentes está chegando fértil. Já tenho néctar... Algo sublime.

Não vê o esmero na atitude de quem gosta de você? Tire os olhos do umbigo, eles querem te rebocar!

Que moralidade é essa?

Parece que estamos virando piada, ou alguma canção boba e mal cantada. Não quero pensar mais por hoje. As pessoas sorridentes viraram um fardo em minha vida. É um tédio viçoso, visto a olho nu, uma espécie de virus, uma margem entre eu e o que é plástico. Porque tudo é plástico, mas eu sou um plástico com alcool no sangue. Tu, que ta pegando o "Quê" de mim, e o T do tédio, tudo é aproveitável, todo luxo é um lixo bem tratado. O teu mim ta bem eu, não poupamos pessoa, nem lugar. Eu que tô cagando disfarçadamente para a vontade do próximo, é sim. Sou egoísta e ruim! E invejoso tambem. Tô assumindo os meus defeitos ultimamente, é uma forma de me deixar limpo, porque a verdade limpa qualquer corpo encardido, purifica, e o bônus que eu recebo é um tanto de sinceridade e um pouco de curiosidade e espanto das pessoas para comigo. Oquei?
Escolha o seu melhor disfarce e conheça o mundo plástico, não difere muito da gente não. É como comida. Industria ainda quente sobre a mesa.


Você sabe que eu sou doce e triste... Enfim. Quem foi tocado pela Nouveauté páginas atrás?

Aviso aos navegantes:
Está encerrada a expedição linguística pelo meus escritos. Até dar bons textos... Até dar... Mas, como já disse, sou egoísta e tenho um ego. O sorriso não foi criado para exibir só o canto da boca. Vagalhões de mudez...
Porque as pessoas não ousam em tudo que faz?
Ouse.
Abra a boca.


Meu corpo não é tão real.
Eu ando.
Eu ando.
Eu ando por outros mundos.
Meus desejos não são simples.

Eu ensinei mais uma pessoa a falar, Alan que é mais fria que a seda, formou sua mão em conchas e me contou no ouvido. Eu ouvi o mar revolto:
"Eu falo pouco e a minha voz ta rouca... Dom, eu não sei gritar."
E pra ele eu disse, no seu ouvido, com mãos em conhas, como num segredo:
"Foi a coisa mais angustiante que eu ouvi, e que alguem já me contou."
Bebida é solvente e as pessoas se tornam mais interessante, é só a visão que muda, mas os outros amanhã continuarão todos iguais, eu me distorço.
Nem tudo que a gente escreve é tudo aquilo que a gente quer dizer, é tudo culpa da poesia!
Porque se escrevessemos tudo aquilo que sentimos, tudo sairia muito desarmônico.
Largue mão da poesia.




(*Dueto. Rick e eu. Sobre alan e a seda.)

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Os Sisos.


Um cachorro me mordeu a boca.
Agora a pouco, no instante que era inofensivo, e que eu era indolor.
O cachorro dormia no meu colo, e o menino o beijava, e nada acontecia enquanto eu te segurava, e enquanto o menino te segurava a boca.
Eu varria as flores de outono que sujavam o meu quintal.
Havia sangue escorrendo na cidade, mas a gente nem ficava a pá, nem a enxada disso tudo, do efeito dos genéricos.
Do grande drama de Maysa.
Dos seus gametas.
Das suas urtigas.
O menino explorava seus pêlos enquanto o cachorro dormia.
Expulsava as pulgas e todo tormento.
Eu morria de sono... O cachorro já dormia.
Abriu sua boca no mesmo momento que despertou, eram olhos vivos e vermelhos, caninos afiados como o punhal em que todo mundo escolhe ao invés do cheiro intimo da flor, é porque dói mais.
"E dói porque é bom de fazer doer."
A situação era iminente a tragédia, e na minha mente o seu olhar_Uma espécie de caricatura marginal, me remete a um filme de terror, depois da morte, tudo o que fica são os olhos. E amanhã, depois do banho, eu irei esquecer, mas irei ser atormentado pela marca e pelo Dejá vù dos domingos.
Então.
Mordeu minha boca como se mordesse um bife.
Divago. Não há ódio quando se morde um bife.
Não doeu, mas o menino gritou,e as vezes ele gosta. Era um misto de vontade e desespero. Azia.
A boca presa em seus sarcasmos, ficou lá por horas, eu não sentia dor, mas gritei.

-Eu tomo Zooloft
-Você tem depressão é?
-Eu já tentei morrer duas vezes.
-Na verdade, eu não queria saber.
-Desculpe.
-Bem, de todo jeito, você ganhou de mim nas tentativas. Eu penso em morrer diversas vezes, mas é do meu trabalho, só para sentir as pessoas sofrendo por mim.
-Caramba, eu tambem era assim...
-A minha tentativa, na verdade, foi um ato de coragem e libertação, o livre-arbítrio.
Bah, sei que para os leitores mais exigentes, suicidio é covardia, mas enfim. Não gosto de me explicar, nem quero falar sobre isso com você, não hoje, quem sabe um dia... Quando eu estiver drogado e bêbado, eu citarei frases-feitas maravilhosas para você, até você se encantar com a minha genialidade juvenil e montar um fã clube para mim. Mas por favor, hoje não. Hoje eu estou circunflexo, hoje eu estou travessão.

Amornou-se.
O sangue jorrava de minha boca, e eu sujei a minha camisa do Velvet Underground. A vergonha tem o mesmo peso da dor taciturna e a mesma feiúra dos pés e das unhas cheias de bife. Pensava, nos 32 dentes estragados e em toda força que lá cabia.
Pois para mim, respeito é bom e mantêm os dentes no lugar.
Legalegalegal né?
O cachorro cuspia sangue, o cachorro cuspia ódio, o cachorro cuspia.
Levantou, deu uma de amor e abanou o rabo, foi procurar um canto menos sujo para dormir. Acabou por sair na chuva.
Enquanto os ratos correm da chuva, eu danço.
Eu fiquei limpando o sangue da calçada, e nem tomei injeção contra raiva.
Raiva, era esse o sentimento pelo menino não era?
Exagere mais um pouco. E isso é quase tudo.
É porque eu peso, tudo o que eu falo tem um peso tramontina.
Party Animal... Só porque eu tenho um bom estômago e ainda um pouco de pumão intacto, porque tomo vinho com creamer cracker, junto a fome com a vontade de beber.
Pois bem! Chega de golpes fracos! Vamos usar o punhal dessa vez! Não quero mais seus rastros nos meus cotovelos, não mais.
Sua presença não foge muito da companhia do meu uísque barato e amargo_que eu tomo com gelo para aliviar a culpa do alcoolismo. Que já acabou, que já não está mais aqui, que nem tem mais gotas, só a garrafa, algo puro de mim, de você e do menino, e do cão ou do cachorro, se assim queira.
Eu vou escrever minha dor, em tecidos de cetim, que não é honra nenhuma para mim.
Pois bem, e tenho dito!
Daqui para adiante, quem ousar me chamar, eu direi que não estou.
Direi que eu morri.
Overdose de drama.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Devaneio n°3


Eu lembro que desde mais adolescente, quando eu nem pensava em maconha, eu sempre era o maconheiro das peças teatrais da escola. Já fui uma boa influência.
Lembro que já plagiei o Frei Betto, como no dia em que eu não tinha amigos e nada para fazer. Gravava as novelas em fitas VHS, mais tarde, quando o dia já se fazia noite, e quando todos estavam dormindo, mais sozinho eu ficava. Na escassez da sala, o video engolia a fita. Eu, desde criança anotava a fala das pessoas, e isso é legal de lembrar.
Eu era jovem e ainda não tinha criatividade bastante para escrever o que eu pensava, mas era chato só escrever o que eu queria ouvir, hoje eu só escrevo o que eu quero falar. E o que eu fiz?
Resolvi misturar as novelas; O casal da novela das 8 conhecia o casal das 6, o vilão das 5 se unia com a vilã das 7.
Faltou fumo na Coréia, com Tarcisio Meira.
Bah, mas isso são slides da mente, porque enquanto toda mão queima no fogo da vaidade, os meus dentes defloram, minha mãe já me viu beijando a parede. Mas eu não era maluco, eu só era só.
Estudava no Padre Mackenzie, todos os dias eu viajava na kombi bad trip, era muita gente que eu não conhecia, eu não falava, eu era mudo.
Eu não posso ir comprar cigarros, eu estou escrevendo, não vê? Chega de nhenhenhem, eu quero Brigitte Bardot, eu quero B.B, eu quero beber, eu quero bebê.
Já mudei a vida da Cinderela, mudei o rumo das Fábulas. A Branca de neve fode em cada sete dias, com sete gigantões dominicanos.
Reputa zero.
1x0 para o Brasil.
Itaú a zero para o Brasil.
agente vê.
Já fiz peça vigiando Nelson Rodrigues, o que será que ele fazia quando ninguem lhe via?
Gabo estrelou uma peça que eu não assistir, e ele tem rusgas por isso. Na peça, a mãe do personagem de Gabo chamava ele de Clemilda Assassina! Coitado.
O mágico de Oz, que assistia a peça, ficou com muita raiva e subiu no palco gritando:
"Não chama Gabo de assassino!"
Foi um rebú!
Gabo separava a briga...
"Ô mestre, isso é teatro, é de mentirinha pô..."
"De mentirinha são nossas viagens Gabo, essafreaking strong,chamada de Mary Janes te acusa de assassino! Você não é! Eu sei que não é!"

Quando é você todo mundo ama, o mundo inteiro dirige o mesmo carro, o bairro inteiro fala de você, Casas Bahia; aqui é o seu lar. Vivo, todo mundo quer. Oi, quem ama bloqueia.
As cortinas se fecham com pressa, acaba o primeiro ato. A plateia aplaude!
Bravo! Bravo! Bravo! Estupendo!
Maldito espetáculo.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Lembrete: Fazer um resumo sobre uma familia trágica.


Essa familia mora numa cidade que é boa de envelhecer. Serpentes soltas no jardim... cicutas, venenos diluídos.
O irmão de Janis, matou um cara que havia matado dois caras. Matou e saiu andando.
Comi T.
Comitê.
Terezinhaaaaaaa!!! Uhuhuhuhuuu
Janis leva um tiro no pescoço e fica aleijada, um tiro disparado pelo marido chapado.
Uma mulher entra na vida dessa familia, e rouba o pai e patriarca.
A familia entra em falência natural.
O pai enrriquece e constrói uma familia feliz.
O irmão mais novo de Janis e Suzana, ama a vida enquanto o diabo fala com a boca fechada. E ama tambem a puta Rita, puta paga, só dele.
Uma prostituta particular, um anjo encarnado em pura malicia.
Ele foi morto porque Rita tinha outros donos.
Dez facadas no peito e o sangue dança na faca.
Instinto assassino é matar a facada, é sentir a lâmina entrando no peito e sentir as entranhas fenecendo. Matar a tiro é normal e não suja.
Foram dez facadas no peito, e ele saiu cambaleando, pedindo socorro, cambaleava, mas dessa vez não era de bêbado.
Ele sangrava... Meu Deus! Dessa vez não era vinho espalhados em suas roupas de colarinho branco! Era a morte que paquerava.
O homem morreu em frente ao bordel, sob o olhar da puta Rita, puta paga.

domingo, 8 de julho de 2007

Mofo e chá com açucar.

"Abrace esta causa."

(É só clicar na imagem.)