terça-feira, 15 de setembro de 2009

O pivô, o protagonista, o antagonista e o coadjuvante.

Eu queria ter o poder do Sarney!





Eu preciso fazer muitas coisas; estudar para o vestibular é uma delas. Eu estou completamente perdido nesse turbilhão de coisa alguma. Não sei o que fazer da minha vida, vai que por um súbito lance de sorte eu passo no vestibular, aí se denserrola mais uma etápa do dilema: que curso cursar? Sei lá. Vai saber. Eu tenho vontade de fazer artes plásticas, mas tenho medo de perder no teste de aptidão, não sou autodidata, muito menos um didata treinado, o livro é apenas uma ferramenta de ensino, estudar com auxilio de um livro que não abre a boca para responder as perguntas mais imbecis é forçar o seu intelecto no escuro, numa parte tranquila longe do alvoroço. "O livro é uma labareda numa terra onde não há ninguém." E tem ainda as pessoas do curso que são super descoladas, ai meu Deus, será que eu aguento? ... Mas isso é o de menos. O demais é que só quero saber de ler livros, e os livros que eu leio infelismente não caem no vestibular, eu tô lendo agora um ótimo do Anthony Burgess, e não é o Laranja Mecânica. Digamos que é um ainda melhor, antigo. O Laranja Mecânica nem cogitava nascer ainda para garantir a estabilidade da familia Burgess.
Okay, preciso me livrar também desse blé que é o esqueminha orkutiano e suas pessoas, preciso me encontrar com gente de verdade, sábado agora vai ter Retrofoguetes no parque da cidade, e é por isso que eu estou guardando o meu caquético punhado de dinheiro no caixa simbolicamente forte, porque eu vou de Retro no domingo. No próximo domingo, vou de Cólera.

Eis que hoje de manhã abro meu email e tem uma mensagem assim:

"VÁ PRO INFERNO. NÃO SABIA QUE VOCÊ ERA HOMOFÓBICO. SEU NAZISTA DE MERDA!"

Eu explico.
Quem mandou foi um poeta, (sempre poetas, ô raça!) ele é meio doente, ele gosta das coisas que eu escrevo pra ele, outro dia descobri uma comunidade qualquer de literatura e o que tinha lá? Todos os scraps que eu mandei pra ele, prostados e postados. Eu tomei um susto, mas depois ri um monte.
Ele é amigo de todos os meus amigos... inclusive, ele não conhece nenhum. Isso é só pra fazer parte dos meus. Esse cara é de São Paulo, tem um livro publicado e tudo, um livro de poesia e prosa poética sobre os clarões amazônicos, sabe lá o quê Deus, que apesar de agnóstico, é entendedor da coisa toda.
Tudo começou quando eu pedi um livro do Albert Camus pra ele, e falamos sobre o Camus, eu disse que achava o Camus genial, que ele escreve tudo o que vivencia, que ele não precisava mentir, que o Camus transcedia a mentira. Que eu gostava do Camus porque parecia que ele tinha descoberto o gosto da merda. E esse cara disse que gosta da minha ingenuidade, que a literatura é pura mentira. Certo, ele não deixa de ter razão.

A verdade é fato, é unica, a verdade vem pronta e não tem enfeites. Já a mentira é inventada, modelada, na mentira há a criatividade pulsante de quem a cria, qualquer mentira é válida porque a verdade é uma só, e como eu já escrevi aqui, por mais que a verdade seja insubstituivel, ela as vezes é apenas irrelevante, e é por isso que existe a mentira. Cada coisa tem o seu oposto, e a mentira é uma arte!
Uma mentira só se torna real quando você passa a acreditar profundamente nela. Mas tudo na vida vem a tona, é nisso que devemos nos preocupar agora.
Esse cara citou uns caras e me perguntou se eu gostava deles, os caras citados foram: Bergman, Beckett e Kafka. Eu só gostava do Bergman, Beckett nunca li, e o Kafka como escritor é um excelente desenhista!
Um amigo dele, outro poeta com textos em jornais de Jundiái, que não tem nada melhor pra fazer na internet e por isso ficava acompanhando nosso diálogo literato no scrapulário do poeta - mor, como se fosse uma novela das oito em sua fase terminal, me achou Grande!
eis aqui o que ele escreveu sobre mim:

"Nossa B., adorei seu amigo crítico literário que pede a morte dos críticos ["Dom", ele tem um "dom" acima do normal]. Ele mostra-se realmente um grande conhecedor da obra de Kafka, cujos dotes literários expandiram-se ao desenho. Estou impressionado com tamanha sapiência. Peço-lhe que pegue o endereço e dados curriculares, pois pretendo mencionar esse gênio da Crítica da Arte em minhas aulas de estética. Abraços fraternos. "

Ri bem alto. Gênio da crítica da arte? Alguém explica pro coadjuvante a piada? Alô cuzão! Eu estava ironizando o Kafka mané, não gosto do Kafka, de nada do que ele escreveu.
Well, well... Mas depois o ego intumesceu por alguns minutos e eu me beijei. aháha!

Do Camus partimos para escória brasileira, o protagonista citou alguns contistas que ele adora, acha digno e muito pertinentes:

Dalton Trevisan
Caio Fernando de Abreu
Marcelino Freire
Nelson de Oliveira
Edilson Pantoja

Eu escrevi pra ele que tinha um grande preconceito com a literatira brasileira, quem me conhece sabe bem disso, eu tenho alguns preconceitos ue, eu sou humano. Não finjo, não é meu forte fingir pra agradar. Disse que exceto o Dalton Trevisan_ que só O Vampiro de Curitiba o salva, os restos citados nunca li, e tirando o Caio F., nunca tinha ouvido falar.
A briga toda começou com o Caio F.
Só porque eu disse que não gosto dele, e não gosto mais ainda dos leitores dele, que a maioria são gays chatos e emos cults, podem reparar.
O publico alvo da Ana Carolina não são as lésbicas? O publico alvo do Bukowski não são esses garotos imberbes que estão começando a beber e se acham os putões da area? Tem pra todo mundo, tem pra todos os gostos. Eu traço as pessoas dessa forma superficial, tem as Clarices juventude existencial e tem tipos Caio F.; bixas admoestadas. Que é extamente o tipo que o Caio F. mais representa, esses que tem o coração partido mas que estão sempre lá se humilhando de novo.
Mandei ele procurar um tipo e se encaixar, e c´est la vie. Isso depois que ele me mandou o email ofensivo, é claro.
E pra piorar tudo, eu ainda contei uma história de um traveco que estava apresentando um stand up com paródias de musicas tipo Maria Bethania, Gal, Elis e etc, era aniversário desse travesti, e dentre todos os presentes dele tinha um que se destacou mais, era um despacho com tudo que contêm num ebó de macumba: velas vermelhas, cigarrilhas, galinha preta, champanhe, fios de cabelo, e... e... e... um livro do Caio Fernando de Abreu.
Ou seja, não podia faltar.

O protagonista detonou no orkut, o antagonista respondeu o email dizendo que já esteve e saiu do inferno zilhões de vezes, mas que parece que ele com essa cabecinha púdica tipica de poetinhas, continua por lá.
O coadjuvante sentiu as dores como um gêmeo siamês, e partiu pro ataque em defesa do amigo protagonista.
Insinuou que eu fazia parte do nucleo pobre da novela e que só queria me destacar com toda minha "revolta transformadora" baseada em meia duzia de livros, sendo três de auto - ajuda, e os outros três lidos só por resenha na internet. Disse que eu era um insulto a inteligência do B. (o poeta - mor) e que quando ele entendeu a piada do Kafka riu muito, sozinho é claro. E que já isso mostrava muito o nível do sujeitinho que sou eu.

Eu ri muito alto e na companhia dos meus, quando outrora ele me chamou de gênio da arte.

Ora vejam só como são as coisas... Antes de eu quebrar o decoro dos plêiades eu era um gênio crítico da arte, agora eu não passo de um idiota travestido de intelectualóide misturado com Mano Brown. (palavras do coadjuvante entrão) O coadjuvante queria saber quem eu era, e eu disse pra ele quem eu era, ou melhor, quem eu fui:

"Eu fui você ontem, meu chapa. Transcedi... acontece."

Se bem que pensando melhor, um idiota travestido de intelectualoide com um mix de Mano Brown não é nada mal, hem?
Melhor do que ser baba ovo do Caio Fernando de Abreu, que nem sabe que esses poetas existem.
E o que mostra bem o nível desse sujeitinho vulgar que eu sou... está bem, está bem, eu respondo. É não ter medo de dizer o que penso, doa a quem eu lascar, de dizer o que eu acho, o que eu bem quero, mesmo depois de ser considerado um "gênio" por causa de um equívoco, deveria ter andado na linha para não perder essa patente né?
A resposta é não.
Minha escrita é a sangue.
Não se apaga.








E no mais, para disvirtuar toda a coisa: Rest in peace pro cara do Ghost!

Um comentário:

Valverde. disse...

Me diverti demais lendo isso seu Dom.

Muito bom.