sexta-feira, 22 de maio de 2009

Well... Welcome to Hell


Estou muito pobre. Pobre não, pobre é o diabo, eu estou permanentemente duro. Não tenho dinheiro nem para comprar um vale pro inferno. Beber é um luxo. Bebe quem pode, fuma quem tem. Eu não posso sempre porque nunca tenho, e eu quero sempre.
Até estão me devendo uma boa grana, mas encerrei o ato maravilhoso, dizendo com orgulho e com desdém para quem me deve: "Pode ficar com esse dinheiro. Aprendi com os ensinamentos divinos e espirituosos que quem dar aos pobres, empresta a Deus. E eu acho muito mais válido ter Deus como credor, do que um ser humano mediano. A recompensa pelo menos é garantida, e a satisfação plena e verdadeira."
Por falar em Deus, estou com raiva Dele. Ele parece que não me escuta. Estou desempregado, minha mãe também está, aliás, a minha mãe está se sentido uma pobre coitada, sempre a flagro chorando pelos cantos. E aquela gente miserável perdendo seus rebocos para a chuva, hein Meu Deus? O que você me diz aí em cima, todo senil e rodeado de estrelas em algum departamento do céu?
Minha mãe era uma dondoca quando era casada com meu pai, é bem o caso da cinderela ao contrário, é verdade. É triste, e eu posso dizer que é até pior que certas cenas de novela, você pensa que está incólume, que não vai acontecer com você. Mas as surpresas são para todos filhos amados. Depois pensando muito bem achei um barato, minha familia navegava num mar de felicidade barateada, minha mãe já estava charfurdando na areia movediça do tédio, e hoje como está bonita e mais alegre. Depois do pranto, a gente se abraça e ela me faz sonhar com promessas de gostosuras que ela fazia na epóca da maré cheia: Pudins, quindins, mouses, tortas, enrroladinhos, empadinhas e pásteis, tudo isso preparado no mesmo dia, para escolher. Um mundo melhor. Vou parar de sonhar com tardes inteiras no grande McDonalds. Oh sim, a vida não é nada fácil. Fazer faculdade para concretizar o meu talento? Ora, isso para mim é remediar desgraça. Não, eu vou ficar aqui e encarar na raça e no peito. E agora aquele deleitezinho bobo de ter cometido um delicioso e perfeito crime e que só você sabe, mais ninguém.
A geladeira ecônomica que tira água na porta está lá na cozinha, para nos lembrar dos tempos áureos, mas vazia, é claro. Como disse, estamos permanentemente duros.
O Inferno onde é destinada as pessoas de boas intenções não me assusta nem um pouco, porque não chega nem a proporção da unha do meu private hell.
Agora tchau, um tufão de beijos, e um big mac feliz para vocês também.

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