domingo, 31 de maio de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
A suposta fase azul
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Dois conselhos
Não envolva quem não quer ser embalado pelo manto do amor. O amor é um bálsamo, mas poucos sabem disso.
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Se você se sente bem, não pense em mais nada. Qualquer coisa que você pensar pode estragar a festa.
"Estou feliz e assim é que é bom."
Se for inevitável pensar, que pense somente nisso.
terça-feira, 26 de maio de 2009
Rendez - vous de Teatro
Eu estava em estado deplorável, com uma camiseta apológica da marijuana, com a minha girl - outdoor - caolha. Sentei ao lado de duas mulheres: Marisa; me custa lembrar do comercial de mulher pra mulher, para me lembrar seu nome. Uma mulher terna, magra, comprida e de nariz afilado, contudo ela jura que não é nem um pouco tímida, mas também nem um pouco sem vergonha. É de Pojuca, mora aqui a 4 meses, tem medo de ser morta, também é sozinha, mas já está encontrando aconxego e calor numa igreja do bairro.
Ao meu braço esquerdo estava um aluno vespertino, chama-se Paulo Sérgio; ele jura que é gago, mas fala como uma nega do leite, sem tropeçar nas palavras ou se enrrolar na sua própria língua. Eu não conheço tática melhor. De qualquer forma, está no caminho certo, o teatro é uma benção para os gagos e para os tímidos. Ele quando fala solta plumas.
Cadê o resto do bando? Somos nove aspirantes brincando numa lanchonete. Ainda bem que eu não vim com a minha melhor aparência, não deveriamos estar praticando a nossa visão periférica, sentindo nosso corpo visceral e trabalhando a nossa mente de forma mais produtiva? Seu mestre mandou geral formar a roda, e eu fui o segundo a participar da brincadeira, que sorte de roleta! cinquenta e quatro no vermelho.
Me chutaram um jacaré e eu comecei a história, associei o jacaré ao turísmo amazônico e citei mais duas coisas: O bocejo do bicho e minha estupefação. O mais triste nessa brincadeira é que ela perde o sentido muito cedo, ficamos estúpidos contando histórias tacanhas numa lanchonete composta pr dois garçons, alguns karatecas, uma garota esquisita entretida no seu grosso livro, ao seu grosso modo, e um casal trocando caquinhas do nariz digerindo seus deliciosos e apimentados quibes. Mesmo com esse cenário de horror, eu tinha vergonha. O que eu iria fazer com um jacaré e uma tigresa de dentes de sabre no deserto?
Escolhi "de repente" e dei o fora do jogo, ufa! Minha cabeça cheia de Lions e Zions e mais um bando de infratores, eu vim para o teatro com o pensamento nos ciganos, e quando chego aqui querem apertar minha mente com bobagens. Logo mais chegou a hora das devidas apresentações, muitos cascaram fora bem antes disso, eu deveria ser um deles. Que histórias longas... que histórias tristes, não estamos no arquivo confidêncial domingueiro, nem no programa do Raul Gil, estamos numa lanchonete e somos do teatro. Porque ninguém ainda pediu uma cerveja? Garçom! Morder! Vocês me acompanham? Não acompanham? Uma coisa que não posso evitar é minhas predileções.
Paulo Sérgio, o nosso companheiro formado em artes cínicas foi o que mais falou, quando não falava, enterrompia no ato. Não o vi gaguejar nenhuma só vez. Pobre Paulo Sérgio, corre riscos sérios no porvir... De usar Paullete no pseudônimo, por exemplo.
Alice nos revelou que era soldadora Tigre e que também era bipolar. Eu tenho um projeto nessa minha cabeça de carneiro, algo que eu chamo de Pure sí exibir, tenho vontade de iluminar alguns contos de Dorothy Parker com as luzes da ribalta, e penso em Alice para encarar as incriveis mulheres de Parker; neuróticas, espirituosas, certeiras, passionais, temperamentais, tolinhas e tristes mulheres de Dorothy Parker, trocando deixas com homens sensatos e serenos que usam frequentemente a palavra "querida". Esse seria eu.
Agora imaginem um pernambucano cabeçudo? Ele estava lá também, esbanjando simpatia. Na cabeça de Marisa havia uma auréola de insetos, que nem aqueles do Cascão da turma da Mônica. O mal cheiroso ali era eu, vocês sabem... Mas os insetos sobrevoavam a cabeça dela. Me lembrou o Mauricio Babilônia em versão ralé.
Eu inventei para eles que a minha relação com o teatro não era uma questão de realizar um sonho de infância, e sim porque era um desejo doentio e obstinado aquele de beijar a boquinha da Juliana Paes, muitas não queriam ser a filha da Natália do Vale? Eu queria fazer par romântico com a Juliana Paes. Alguns riram, outros nem se dignaram a esboçar um sorriso meia - boca. Eu sei, eu estava impossivel. Mas onde foram parar os seus modos? Ooh, os meus modos... Talvez um dia minha mãe o encontre jogado por aí, quando tiver fazendo faxina na casa. No antigo trampo do bar eu também me comportava dessa forma, sou intimista total. Tanto que até fiquei com fama de anti - social, porque não fico junto com os patrões na mesa dos funcionários quando o bar está ameno, as vezes eu troco alguns interlóquios, mas nada muito além de meras brincadeiras esculhambadas.
Meu patrón César_ um verdadeiro Czar, delira com a idéia de voltar a epóca da escravatura, ele diz que iria fazer questão de me comprar sem nem olhar meus dentes, eu iria ser o seu anda (ele leu Aníbal) e iria viver na mordomia do Casarão só para ser castigado nas horas de fúria e nas horas de simplório lazer da familia sulista. Eu dou risada e rebato: "E eu me vingaria comendo a sinhazinha no curral, aos olhos do cavalo e as custas do dono."
Do meu canto observo a resposável pela injúria de minha pessoa, olha para ela... ela é conhecida como Chuchu, é velha e olha como se veste... uma calça de oncinha coloda na coxa e uma camiseta do Corinthians, tão cafona quanto uma foto emoldurada num piano. Ao lado dos patrões o tempo inteiro, como gatos enrroscados nas pernas de seus donos, a espera de migalhas.
Ah, quer saber? Vai levando.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Os meus sinceros votos
Oh, como estou passando bem sem você!
É como se a gente tivesse se visto pela primeira vez
mas sem a admiração de antes.
Eu não estou mais tão desprevinido assim.
Você para mim é como uma tarde no Farol de Itapuã
Não enche mais meus olhos.
Me sinto muito bem sem você.
Obrigado.
Obrigado por ter me ofertado a passagem de volta
desse paraíso idiota e artificial, o qual você me levou.
Me sinto muito melhor com alguém
cujo o beijo me faz recordar o aroma de jacintos.
Cuja a alma não é um vulto.
Cuja silhueta me faz delirar quando está por cima
Cuja beleza me convoca.
A presença desse ser humano me trouxe um novo elenco de amigos
e algumas doses a mais.
Sem cobranças, sem bodes, sem aporrinhações.
Sem aqueles desfiles de misérias.
Que importunam tanto os olhos quanto o coração.
Ela mora à duas ruas à direita
no segundo beco sem saída,
e o nosso amor é forte como uma anta.
Oh, minha querida
Leve contigo os meus votos de alegria.
domingo, 24 de maio de 2009
Vamos aos prantos
Se eu quiser ir até a padaria comprar pão, terei que patinar na lama. É a treva.
A água de beber já está no fim, só dar para hoje, o túnel está vazio, e a melhora está prevista para ainda quarta - feira? O que vamos fazer até lá? Tomar banho de saliva e nos lamber feito gatos? O que pretendem? Nos matar de sede?
Sorte é que ta frio, e tomar banho acaba não se tornando essêncial, é até nobre por lembrar os franceses suínos, diria o prefeito se desculpando. Mas de resto, escovamos os nossos sabres com água de matar sede, e quem pode pode tomar banho com água mineral e se sentir o rei Roberto Carlos. Quem não pode, importuna o conhecido do bairro vizinho, e ficamos bem.
Ou faz como minha tia, enche o balde com a bica do telhado, ferve e se banha. Que horror, é a treva, só pode ser.
Evitamos de defecar para não causar mau cheiro, ou cague-se num saco plástico e se desfaz na calçada do vizinho que tem tanque. Eu mesmo já fiz isso... Estamos todos enfezados, essa é a verdade.
Sempre existe um desavisado que vem te visitar, sai de lá da Avenida Dois de Julho para cagar numa casa onde não tem água.
E essa chuva que não cessa? Não vou falar mal da chuva, se não fosse por ela, não tomaríamos banho. Salvador é um dos cartões postais que não me apraz no inverno, exatamente porque não é uma cidade aprazível, Salvador em dias de chuva é Deus naqueles dias. Prefiro ficar bem longe.
Como se não bastasse mais nada, houve um black out ontem, uma árvore caiu por cima de um fio e a minha geladeira queimou, a geladeira dos tempos áureos. Foi a treva.
Mas que merda, mas que grande merda fedida! O que falta acontecer?
Morro de medo de morrer pobre e longe das luzes da ribalta.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Uma autora, uma constatação
Well... Welcome to Hell
Até estão me devendo uma boa grana, mas encerrei o ato maravilhoso, dizendo com orgulho e com desdém para quem me deve: "Pode ficar com esse dinheiro. Aprendi com os ensinamentos divinos e espirituosos que quem dar aos pobres, empresta a Deus. E eu acho muito mais válido ter Deus como credor, do que um ser humano mediano. A recompensa pelo menos é garantida, e a satisfação plena e verdadeira."
Por falar em Deus, estou com raiva Dele. Ele parece que não me escuta. Estou desempregado, minha mãe também está, aliás, a minha mãe está se sentido uma pobre coitada, sempre a flagro chorando pelos cantos. E aquela gente miserável perdendo seus rebocos para a chuva, hein Meu Deus? O que você me diz aí em cima, todo senil e rodeado de estrelas em algum departamento do céu?
Minha mãe era uma dondoca quando era casada com meu pai, é bem o caso da cinderela ao contrário, é verdade. É triste, e eu posso dizer que é até pior que certas cenas de novela, você pensa que está incólume, que não vai acontecer com você. Mas as surpresas são para todos filhos amados. Depois pensando muito bem achei um barato, minha familia navegava num mar de felicidade barateada, minha mãe já estava charfurdando na areia movediça do tédio, e hoje como está bonita e mais alegre. Depois do pranto, a gente se abraça e ela me faz sonhar com promessas de gostosuras que ela fazia na epóca da maré cheia: Pudins, quindins, mouses, tortas, enrroladinhos, empadinhas e pásteis, tudo isso preparado no mesmo dia, para escolher. Um mundo melhor. Vou parar de sonhar com tardes inteiras no grande McDonalds. Oh sim, a vida não é nada fácil. Fazer faculdade para concretizar o meu talento? Ora, isso para mim é remediar desgraça. Não, eu vou ficar aqui e encarar na raça e no peito. E agora aquele deleitezinho bobo de ter cometido um delicioso e perfeito crime e que só você sabe, mais ninguém.
A geladeira ecônomica que tira água na porta está lá na cozinha, para nos lembrar dos tempos áureos, mas vazia, é claro. Como disse, estamos permanentemente duros.
O Inferno onde é destinada as pessoas de boas intenções não me assusta nem um pouco, porque não chega nem a proporção da unha do meu private hell.
Dorothy Parker e as consequências
A Vila
Uma pequena vila com apenas mil habitantes
É somente ela em minha vida
Ela partiu agora, depois de um drink
No qual brindamos à nossa saúde
Dessa vez
Sem o entusiasmo comum dos amantes
Não sei o que fazer da minha vida
Sinto-me como se fosse meu próprio convidado
na festa onde ninguém veio
Por causa da chuva.
A chuva muda os sentimentos
Com o matrimonio, tudo se reduz, tudo se compacta
Estamos mais solitários
Como uma pequena vila com apenas mil habitantes
Quando o amor acaba e o ser amado parte
Tudo fica vazio e fantasmagórico
Como uma vila abandonada
Rumores
E rumores não tem origens
É rio que escorre sem largadas
Filme que corre sem legendas
Poeira nos móveis
Os móveis quietos no porão
Ah! O mundo é minha cama!
Tomo ciência das mazelas do mundo
lendo os matutinos onde durmo
É triste?
É.
O que é triste?
Eu deitado em cima das mazelas do mundo,
É claro.
Mas nada mais triste do que saber que o uísque
é o amigo que existe
E que o seu unico apoio passado
tenha sido aquele muro que te amparou da queda
Quando te encontrou embriagado.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
A senhora do azul boreal
domingo, 17 de maio de 2009
Quem quer ir pro céu?
"Alô, senhorio! O que faz aí parado feito uma coluna do templo, tão só ao sol? Não me diga que meditando uma fúria?"
"Olha aqui, procura abrigo porque eu já aluguei a casa. Odeio visita também, prefiro ser... visita. Vai vomitar na casa de quem esse ano, posso saber? E o all star imundo? Quem vai lavar?"
"Shit! Eu adoro o seu banheiro."
"Estou fora esse ano, meu bem. Vou sair com uma amiga."
"Mas aonde é que eu vou dormir?"
"No canil de Berenice, lógico! Com aquele cheirinho peculiar... entre pulgas, carrapatos, uma esquizofrênica e um viado. Ah, já ia me esquecendo da irmã pomba - suja. Aaahh, mas que familia feliz! Com hóspede tôxicomo ainda por cima!"
"Meu Deus do céu, Satangôs! Não se movimente muito, está um cheiro insuportável de seu veneno! Você acha que vai pro céu desse jeito?"
"Meu bem, nunca vou pro céu... Lá não tem Derby. E o que eu iria fazer lá? Ora vejam só! Se bem que melhor que defunto, só sendo obsessor... É claro... Melhor obsessor! Imagina eu invisivel? Vou vagar por aqui mesmo, camarada. O limbo é bem mais interessante."
p s : O melhor é que esse senhorio existe, e o pior é que ele é meu.
sábado, 16 de maio de 2009
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Desafio em pról de um ócio criativo
Nunca compus nenhuma musica, e vou me enrrolar porque vou pensar também na batucada. Mas ele me preveniu: "Apenas escreva, como se fosse um poema, escreva sobre o egoísmo das pessoas, sobre sistema politico e blá blá blá, leia Burroughs Rafa, se vira. O resto deixa com a gente."
Ok. Já compus uma parte da primeira canção, e ela se chama Nem Bob day, Nem punk always. No inglês, original: "Nem Bob dia, nem sempre punk"
Vou enviar para a corte, e vou esperar o chumbo grosso dos séquitos esquentadinhos da banda Exclusos. Adoro uma polêmica, e se for preciso, a gente se estranha.
Delirium
Francamente, eu não tenho vergonha nessa minha cara.
Eu estava folheando uma revista antiga e encontrei um trecho de uma carta do Arthur Rimbaud para o Paul Verlaine. E eu estive aqui pensando... "Olha, se a cabrunquinha escrevesse uma carta assim pra mim_ mesmo depois das farpas terriveis que trocamos, eu até cogitaria em voltar pra ela."
A carta:
"Volte meu amigo. Amigo unico, volte. Prometo ser boa.
Se te tratei com desagrado foi por enganação; Mas que desgraça você levar a sério tamanha bobagem! Seja valente, Dom, volte!
Estou triste e arrependida, tanto que nem você é capaz de imaginar... Já choro há dois dias.
Nunca irá me esquecer, verdade?
Te levo sempre comigo."
ha ha ha... Adoro o exagero zombeteiro do Rimbald! É como um filme B dos anos 50.
Paixão, farpas e rusgas é um axioma do começo, meio e o fim de uma vida.
p s ; eu comeria o Rimbaud.
sábado, 9 de maio de 2009
Um olhar pra cada humor
domingo, 3 de maio de 2009
I feel free
Sou um homem de letras e de um demesurado valor
hoje me apresento ao mundo sem honra,
quando eu sei que sou o homem mais honrado do mundo.
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Voltar para casa enchendo os pulmões com o sereno-da-madrugada+nicotina, e ainda ouvindo Eric Clapton, faz a vida parecer menos chata. Eu gosto.
Beliscões de amor próprio (_as claras)
Eu assenti, e antes de partir eu fui à forra e cobrei os copeques de dívidas mesquinhas. Ela galgou, não tive piedade, a essa altura eu já estava às favas com o bom senso. Então, entoei como um hino num cinismo todo particular e vil: "Não se chatei comigo, benzinho. Eu estou te dando a oportunidade de me provar que você vale um pouco menos que nada." _ Seus olhos flamejaram e ela latiu um "vá para todo sempre!". Antes de ir, profetizei: "Eu vou embora, mas um dia eu vou te amostrar o tira-teima". Galopei segurando as rédeas da pequena vilania, da vontade de atingir como se eu fosse um verdugo, de fazer pensar. Não é que eu me importe com tudo isso, é que eu não queria sair por baixo como as galinhas imoladas. Foi mais sensato parar por aí, antes que um tomasse ojeriza da cara do outro, quanto a isso ela fez uma cara de... como se dissesse: "Ora tolinho, eu já tomei nojo da sua cara há muuui-to teeem-po!".
Mas a culpa não foi dela.
Passei meses inteiros sobreando um caso perdido, evitando analisar a realidade a olhos nus da inteligência, puis o véu da fantasia sob minha cabeça e não me zelei. Portanto a culpa é toda minha. Fiz e disse coisas demais, fui sincero muito cedo, me joguei sem medi a queda, joguei limpo e esqueci dos sublimes ornatos da sedução, e de toda parafernália boba de um romance.
O saldo positivo é que todas as forças renascem depois do infortúnio, o coração adquire consciência da força que dispõe, se revigora como um capim a crescer sob um sol resplandecente da bonança. É você ali fertilizado pelas chuvas tempestivas de outrora.
... Ela me jogou a chave e o cachorro me acompanhou até o portão, e assim eu fui embora, com uma leve sensação de que já vou tarde.
A desgraça a todos iguala, até o cão.