terça-feira, 25 de novembro de 2008

Um conto

-Hey Joe!

O grito foi evacuado pela boca e no meio da rua, Arlinda grita o seu marido ao vê-lo sair do supermercado com umas compras na mão, ele - porém, não escuta devido ao som catastrófico do meio dia para tarde em diante. Joe caminha até ao porta-mala do seu carro, uma mulher esbelta e loira abre a porta do carro e sai da direção e ajuda Joe com as compras, colocando-as na mala, usando a chave do carro para abrir, usando a chave e a intimidade.
Arlinda pasmeia no meio da rua, suada e cansada de tanto andar... sua amiga Luciana fica calada e segura o braço de Arlinda sem tirar os olhos da cena. Traição, pois não? Quem seria essa mulher e o que ela esta fazendo dentro do carro do seu marido, Arlinda amiga minha?

"Peguei no flagra. Filho de uma rapariga... Eu vou acabar com esse desgraçado!"
"Calma! Calma.. o que é que você vai fazer, mulher?"
"Me solta! Me solta! Você não ta vendo? ele ta fugindo!"
"Não! Ele não ta fugindo, ele não ta fugindo porque ele não te viu, então ele esta indo embora, com aquela mulher..."
"Com aquela mulher, com a vagabunda dirigindo o carro dele! Cretino, desgraçado! Ai, que raiva! Ai, que odio!"
"O que vai ser, hein? Você tem duas opções, minha querida. Ou você atravessa a rua agora, e atravessa a cara da sirigata com a sua mão pesada, ou... ue, você deixa isso pra lá, e pensa numa vigança mais sofisticada, mais alto nível, pensa em uma coisa bem elaborada, algo que te requer tempo para o planejamento... Afinal, você sabe, toda vigança é um prato que só presta se servido frio."
"Frio uma ova! Vigança pra mim é um prato que tem que servir com a frieza de um vigarista. Taí... sabe que você tem razão Lu? Eu tô feia, eu tô desmaqueada, suada, eu tô horrorosa, eu tô com os nervos a flor da pele! Não vou prestar um escandalo no meio da rua pra essa zinha e os outros transeuntes verem como eu sou... Se bem que, haha, se bem que eles bem mereciam uns bons tabefes no meio da fuça, esses... esses... ai, que ódio, ele ta beijando ela!!! VAGABUNDA!!! EU VOU LÁ AGORA PARTIR A CARA DESSA VAGABUNDA!! "
"Que é isso? Você ficou louca? Volta aqui Arlinda, volta aqui! Ai meu Deus do céu... ninguem segura essa mulher!"

Atravessa a rua aos gritos

"Bonito não é seu Rodolfo?"
"Arlinda?!?"
"Eu mesma, meu filho! Tô cansaderrima, cheia de compra na mão, sabe disso? Eu e minha amiga Luciana queremos uma carona até em casa! Tudo bem pra você, não é querido?"
"Quem é essa aí, Rodolfo?"
"Fica quieta, ta? Depois a gente conversa... em casa."
"Não vai responder a pergunta da menina, Rodolfo? Diz pra ela o que eu sou sua, diz! Canalha! Filho de uma rapariga! Fazendo comprinhas pra suas quengas ne? seu filho da puta! e ainda dar a chave do carro pra quenga mor guiar! Seus desgraçados! Eu vou acabar com vocês!"
"Ai, pára! Pára com isso Arlinda! Deixa de vexame no meio da rua, eu posso te explicar caramba! Ai, ta doendo porra!"
"Olha aí! O saco rasgou, minha compra caiu! Cata! Cata tudo do chão, seu pilantra! E você, minha filha, ta olhando o quê hein biscate?"
"Olha como a senhora fala comigo porque eu não sou da sua laia..."
"Tira esse dedinho da minha cara sua biscate..."
"Aiiiiiii meu dedo!"
"É isso mesmo, e ainda bem que você sabe que você não é da minha laia! Somos de estipe diferente, sua cachorra! Putinha, é isso que você é, uma putinha de brega!"
"Arlinda, pára com isso, pára ja com isso... Não me mata de vergonha..."
"Não me toca! Não me toca, hein! To logo te avisando! Já catou as compras, Rodolfo? Catou?"
"Catei, catei, ta aqui! toma!
"Põe no carro! Agora eu quero que você, quero não, eu ordeno! Manda essa macaquinha dar o fora daqui e põe as nossas compras dentro do carro e me leva pra casa! Me leva pra nossa casa!"
"Como é que é? Você não vai fazer isso, não é Rodolfo? Você não vai obedecer essa mulher maluca né?"
"Ô meu Deus... Ai de mim, Deus... ai de mim..."
"Não é hora de choramingar, seu banana! é hora de tomar uma atitude! E dessa vez, olhe lá seu frouxo, dessa vez vê se tome uma atitude de homem, uma atitude certa!"
"Pois bem então, dona Arlinda! Eu vou tomar uma atitude sim! Me daqui esse saco de maracujá!"
"Claro, pois tome."
"Toma isso, mulher desalmada!" (Maracujada na cara da Arlinda) E até nunca mais! Vamo sair daqui, minha flor. Entra, entra no carro porra! Sem demora!"
"Como é isso? Vai me deixar aqui? Vai embora com essa zinha, seu filho da puta? Eu te odeio! Eu te odeio! Eu te odeio, desgraçado!!!"

"Ô Arlinda... Vai ficar aí gritando no meio da rua, você acha que ele está te ouvindo? o carro ja partiu há muito tempo, e o povo vai chamar a ambulancia do sanatorio. Eu te avisei, não te avisei? não era pra você ter tomado essa atitude, mulher. Era pra ter pensado. Ta vendo? Se deu mau."

"Luciana, minha amiga..."
"O quê?"
"Vai dar meia hora de bunda, vai!"

FIM


2 comentários:

Anônimo disse...

adorei a narrativa moço ^^
ficou muito boa mesmo!
forte abraço.
:*

Guilherme N. M. Muzulon disse...

Cara, eu to criando um Rodolfo Guilhermético, saca? Eu preciso te criticar, me criticando.

Eu to sem lançamentos de boa qualidade. Esse conto não parece que foi voce quem fez, cara? Por que as coisas andam assim? Precisamos reavivar o Gil, eu acho.