sábado, 22 de novembro de 2008

I hate hospitals.


A bossa nova do dia é que virei noticia.
Sofri um acidente no sábado, bom... vou contar do inicio para dar a largada.
No sábado depois do almoço sair para cortar o cabelo e fazer barba, ao sair da barbearia do Miudo encontrei uns velhos amigos na calçada do bar, e olha só, era aniversário de um deles, me convidaram para o festejo e para ser um daqueles ajudantes a liquidar a garrafa de Black Label que eles haviam acabado de comprar.

Fiquei.

Não só por causa do Label, nem porque o Jonhie diria: Keep Walking! E nem porque esse amigos tem miseria com nada e por isso esbanjam pelos poros desbunde etílico.
mas sim porque o maldito pergaminho aniversariante chorou ao ver todos ali prostados numa mesa de calçada festejando seu aniversário, que era uma surpresa.
Fiquei comovido e fiquei!

Assim me foram servidos copos e mais copos de cerveja, mas eu queria ficar só no uísquinho sem fazer descaso com a cerva, tipo um velho milionário que bebe destilado na calçada em seu copo precioso. eu queria representar esse tipo, então golei a cerveja e me livrei dela.
Assim sendo, fiquei no uísquinho a la cawboy, hora ou outra vinha uma agua de coco para amenizar, e duas pedras de gelo.

Mas aí, a gente lerda (amigos do aniversariante) não bebiam, só dançavam pagode e axé, pagode e axé esse sendo tocado na caixa de som de um carro estacionado na calçada, e justo no momento que foram pedidas 4 cervejas de vez e tomado à cabo o ato de se retirar daquele bar e ir para um outro. Ou seja, tive que_ temporariamente, largar de canto o uísquinho, e ajudar a beber as cervejas para dar o fora dali o mais rapido possivel. E foi o que eu fiz

Cheguei consciente no outro bar (um viva a isso!) e passei algumas horas cosciente também, até conversava com as pessoas ali presentes.

Pois bem, dormir e acordar eis que chega:

E onde eu me encontro no domingo de manhã?


Ao abrir os olhos, vejo-me deitado numa maca no meio de tantas macas estacionadas de moribundos nada biblicos no corredor de um hospital, com a cabeça meio que ensaguentada, com um curativo suino, passei a mão na cabeça e percebi três pontos costurados, ainda meio lesado levantei da maca e me sentei a espera de algum conhecido. Ninguém.

Me levantei e caminhei até a saída, não me deixaram sair, eu precisava de uma espécie de alta. Voltei até a maca e esperei, enfermeiros, médicos e pessoas do gênero passavam e não me olhavam, um policial parou ao meu lado com um pedaço de papel marrom na mão e uma caneta, perguntou meu nome.


-Rafael Coelho. Certo. Sabe quem te trouxe até aqui, Rafael?

-Não.

-Hum... Sabe o que aconteceu com você?

-Não, eu não me lembro de nada seu policial.

-De nada mesmo?

-De nada. Acordei aqui nesse hospital e nem sei porquê.

-Eu sei porque.

-O senhor sabe?

-Sei.


E foi desse jeito que fiquei sabendo que fui atropelado por um motociclista, e que um motociclista (não sei se o mesmo) num auxilio luxuoso, me trouxe até o hospital geral de Camaçari e me internou. Ok, mas onde estava meu celular? Ninguem sabe. Me saquearam enquanto estava desmaiado, provavelmente a mesma pessoa que me trouxe até o hospital, me roubou antes e prestou ajuda depois, acho justo, afinal ele não me conhecia e provavelmente nunca mais iria me ver, é a paga que se recebe. Um celular sem crédito semi - novo e cinco reais que estava no meu bolso.

Já não sou muito fã de hospitais, e também não preciso de alta para ir embora, e por essas e pelo descaso eu fugir do hospital, arranquei a agulha grudada na minha veia e os durexs e me mandei daquele lugar.

Jesus, era muito longe da minha casa e eu estava tontissimo. A luz do dia me fazia ter certeza disso. andei, andei, andei... até encontrar na estrada um motociclista que parou para me dar uma carona e me levou até muito perto de minha morada. e tudo ficou muito melhor.

Cheguei em casa, e quando dei as costas para minha mãe ela começou a ficar buábuá ao ver minha cabeça raspada na parte de trás e se deu ao interrogatório, e olha que eu vim o caminho todo sem perceber esse corte punk/monge ridiculo na minha cabeça.

*****


Tirei uma tumografia ante - ontem, e hoje comecei a sentir dores lombar, ali no cócsi, onde há nitidas escoriações.

Passei 5 HORAS no hospital_ em retrospecto, duas injeções em cada banda da bunda_ em jejum. E uma radiografia de todo meu corpo só levou a alguns coagulos de sangue no cérebro e mais nada.

*****

Já fui atropelado uma vez por um carro, por causa do escroto do São Cipriano que me induzio ao suicidio. Eu era um leitor inocente de São Cipriano e andava triste como uma galinha choca, numa tarde chuvosa peguei a bicicleta da vizinha e pedalei até a BR e desci a ladeira monstruosa de mãos soltas e de olhos fechados sentindo a chuva e o vento na cara, esperando que assim de repente o pneu da bicicleta derrapasse ou me defrontasse com um caminhão carga pesada.
Só que aí eu cheguei até o fim da ladeira intacto e convicto, e comecei a rir da irônia, e me achei um grande idiota e fiquei com vergonha disso. Subindo a ladeira de volta pra casa, eu fiquei pensando que eu não morri por acaso e que Deus tinha uma proposta para mim, de súbito veio uma voz sussurrada no meu ouvido:

"Você só vai descobrir seu próposito quando desaparecer"

E essa frase se repetindo e se repetindo na minha mente, até que percebo que eu estava na contramão, sigo a cartilha ensinada na escola e olho para trás para ver se vem vindo algum carro, nenhum. Quando atravesso para a mão certa da pista, montado na bicicleta, vem um carro e me joga longe, uns sete metros.
Mais uma vez eu resistir a morte, eu não morri - e dessa vez foi porque EU não quis.


senhores, eu vos digo


eu ainda não sou escritor, mas hoje eu não passo de uma fratura exposta.






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