terça-feira, 8 de maio de 2007

O inebriante livro de João.


Em cima do céu há um corpo ainda vivo dele, com algumas moléculas e vírus incuráveis, pegou a doença naquela noite que já não ia tarde.
É noite, e ele se encontra no cemitério, mas não está morto.
No cemitério há muitas vidas acabadas pelo mesmo fim, todas se conservavam póstumas.
Nomes, tumulos, filiações e datas... Nada disso era importante para João que comia verdade com grande esforço.
Lamentava-se por não ter conhecido a dona da lápide onde apenas está escrito santa.
Lamentava-se pelas santas, pelas putas e pelos outros mortos que não o conhecia.
Seria um deles e gostaria de ficar perto da plantação de gerundios.
O cemitério é como uma lista telefônica que ele levou para a ilha deserta em maio de 1930, com tantos nomes ele poderia criar uma humanidade mais interessante, sem precisar de livros.

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