terça-feira, 8 de maio de 2007

Dia C

O gato leão tomava chá de cogumelo e usava crack. Um dia antes do dia D, ou seja, no dia C, ele arrumara sua arma estopim, pôs a munição de lado, do lado da arma deitada no seu criado-mudo. E saiu para o chá das cinco.

DIA D.

O gato leão andava doido por aí, havia se empanturrado no chá das cinco, reunião sociável das pessoas degustadas.

Com sete passos chegou no seu quarto, conversou com o criado-mudo, pegou a sua arma entre as mãos e foi até a porta conquistar o seu amor, como que se estivesse indo para guerra...

Dizem que ele dissera para irmã:

-Eu vou te matar Isa.

Ela brigou, contestou, fez relia, mandou parar com a bobagem.

-Então eu vou ter que te matar Dora.

Elas brigaram, contestaram, fizeram relia, mandaram parar com a sandice.

-Então... Eu vou matar a menina mais linda da cidade, o meu grande amor verdadeiro, minha flor corajosa... Eu vou te matar Liz.

E ela, em desdém de sí e dele, disse:

-Por mim. Atira.

Um tiro na cabeça não perpassa só o crânio, mas toda uma vida. Uma vida que agora pouco falava da vida dos outros e respirava. Agora é face assustada, poças de sangue e cabelo.

Gato leão não queria, ele não fez pelo mal, as balas não eram para estar na arma, nem para ter atravessado o crânio de Liz, balas são para adoçar a boca.

Amor doce amor, flor de finada Liz, Liz fina flor, flor de Liz morta, assustada e sangrenta.

Morre uma flor.

Foge um gato.

E nasce uma tragédia.

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