DIA D.
O gato leão andava doido por aí, havia se empanturrado no chá das cinco, reunião sociável das pessoas degustadas.
Com sete passos chegou no seu quarto, conversou com o criado-mudo, pegou a sua arma entre as mãos e foi até a porta conquistar o seu amor, como que se estivesse indo para guerra...
Dizem que ele dissera para irmã:
-Eu vou te matar Isa.
Ela brigou, contestou, fez relia, mandou parar com a bobagem.
-Então eu vou ter que te matar Dora.
Elas brigaram, contestaram, fizeram relia, mandaram parar com a sandice.
-Então... Eu vou matar a menina mais linda da cidade, o meu grande amor verdadeiro, minha flor corajosa... Eu vou te matar Liz.
E ela, em desdém de sí e dele, disse:
-Por mim. Atira.
Um tiro na cabeça não perpassa só o crânio, mas toda uma vida. Uma vida que agora pouco falava da vida dos outros e respirava. Agora é face assustada, poças de sangue e cabelo.
Gato leão não queria, ele não fez pelo mal, as balas não eram para estar na arma, nem para ter atravessado o crânio de Liz, balas são para adoçar a boca.
Amor doce amor, flor de finada Liz, Liz fina flor, flor de Liz morta, assustada e sangrenta.
Morre uma flor.
Foge um gato.
E nasce uma tragédia.
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