terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Dom Quixote__ O Cavaleiro da Triste Figura

Em meados do século XXI, um triste rapaz procurava se entender, vivia muito entre os seus livros, não tinha muitos amigos, poucos de zoação, era dono de uma triste figura. Esguio, maltrapilho, all star sujo e rasgado de diversas batalhas, cabelos crespos desgrenhados, e um casaco preto, velho de guerra, em que muitos companheiros vinham disputar por meia hora de quentura, disputando a rabugem de um cão sarnento.
Era um menino diferente dos outros meninos do seu tempo, ele lia, e (lendo procurava aprender.) Escrevia mal... Porém alguns erros de ortografia e garranchos, (escrevendo procurava se entender). Escrevia coisas cruas e verdadeiras, que nem parede descascada. Não via sentido em futebol, mas gostava de escutar rock.
Gostava das poesias de Morrison e Dylan, tinha por Lou Reed um eterno carinho, em tudo via psicodélia, até mesmo numa folha seca caindo duma arvore. Bebia até cair, gostava de absinto e dançava rock a sua maneira... Ele se chamava Rafael, o burguês.
Apelido dado pelos grazzers. Mas ele não gostava...
Assistia os clássicos do cinema torcendo pelos vilões, ele achava a vilania de um charme preciso, em todos os contos que escrevia sempre matava os mocinhos, não tinha saco para mesmices!
Sempre andava com um livro debaixo do braço. Dom Quixote. E era motivo de chacota entre os amigos por andar assim, mas ele se identificava, queria lutar em prol de alguma coisa, nem que seja pelas causas perdidas... Queria vestir uma armadura e sair por aí enfrentando moinhos de vento, procurava alguém que falasse a sua língua, a língua da loucura do amor e do ódio, meteu na sua cabeça como quem mete a fumaça de um morrão, que iria encontrar o seu yang, a sua outra parte de uma língua desconhecida.
E foi, vestiu seu velho casaco de guerra, e partiu para a terra do nunca com os seus dois fiéis escudeiros. O homem de lata que almejava um coração, e creio eu que já encontrou. E um espantalho sem cérebro, que procurava encontrar o seu lar, e que andas cansado de ser pinico de pombos.
A cidade era morta como seus habitantes...
Ouve-se um som, vinham de um estádio, guerreiros de pretos gladiando como loucos. Nos drogamos para criar forças e lutar como igual, daí vem o apelido dele.
Dom Quixote_ por ler Dom Quixote.
E O Cavaleiro da Triste Figura_ por ter nóias tristes.
As pessoas eram mortas, menos três belas plebéias, que respiravam fundo, sentadas juntas, de preto. O leão covarde oferece maconha.

-Quer?
-Quero!!!

Eu vi quando ela me viu, seus olhos não tiravam dos meus, eram olhos claros, de uma lucidez absurda. Corpo e alma toda fumada, mas olhos belos e lúcidos. Olhos de bruxa. Ela se chamava Dulcinéia, mas tinha áurea de Brida. Suas amigas chamavam-se Cristiane F. e Crisnóia.
Eram junkies legais, mas não bebiam, fumava até a bagana, mas não bebiam. Queria ter o poder de estar por cima de nós ébrios.
Ducinéia ria da forma que eu gladiava com os loucos pseudo-inimigos meus. Todos se matando, e eu entre solavancos e sopapos, quedas e suplícios, gladiava singularmente, de uma forma só minha, estupidamente engraçada.

-Sabe o que é ótimo para lubrificar a boca depois de um basy?
-O quê?
-Um beijo de língua!

Foi a partir daí que eu conseguir entender a língua da loucura-amor-ódio, todas por uma, reza a lenda que a única pessoa que tentou separa-la suicidou-se num outdoor de olhos, que mantinha o seguinte anuncio: Social-eyes witch Dark Eyes Vodka.

Foi um beijo demorado a procura de saliva, como que se tivesse descido ao um poço fundo para buscar água e ter voltado de lá com a verdade.
Ela sentiu frio, e pediu a minha armadura emprestada. Eu dei. Era bela e vulgar, como as vilãs do meu conto. Conduzia o meu dedo a sua xana...
Ducinéia me convida para gladiar no meio do inferno, onde os loucos gladiavam com a sombra, entre guitarras distorcidas e gritos estridentes de uma catarse agressiva.
Fomos. Ela dizia que sempre me esperou que me amava e que queria seguir comigo. Eu nunca acreditei. Talvez um dia eu acredite.

Até lá dançamos conforme a musica da insânia.
Entre algumas goladas homeopáticas de vodka, e entre umas e outras batalhas da agonia, suportaremos até o fim.
Dom Quixote, o cavaleiro tropegante não venceu a batalha do Nunca, mas conquistou Dulcinéia e suas amigas.
Hoje ele pretende conquistar o mundo com os seus garranchos e verdades.

3 comentários:

Anônimo disse...

DEIXE A SUA GORJETA PARA EU COMPRAR CIGARROS.

Anônimo disse...

Rafael.
Putsgrilo!
Difudê®
Que porra é essa vei?
A nossa história mesmo.
Entrei na história como se fosse tu.
Viajei, Difudê mesmo.
Lembrei de tudo, da disputa do velho casaco de guerra. Da noite insana que foi aquela.
Até do chulé do homem espantalho.
ahsuashuahs
Muito massa esse texto.

Anônimo disse...

É DINHO, ESSE FOI O MODO DE FAZER NOSSAS VIDAS FICAREM MAIS INTERESSANTES...
ESPERO TER MAIS ESTÓRIAS PRA CONTAR.