sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Pó e poeira

Mirou sua raiva em mim como se eu fosse um hidrante, afirmando que eu era o unico culpado da sua insônia corrosiva e bizonha.
No entanto, diferíamos de quase tudo, e até as minimas situações_ aliás, principalmente as míseras situações nos mostravam a todo tempo (como sutis sinalizações da estrada) que focamos, buscamos e somos diferentes.
Enquanto ela resolvia um tema de ressureição após uma vez quase ter morrido, eu estava mais interessado em crucificações de galinhas pretas e do Jesus Cristo.

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Um dos meus principais problemas em trabalhar servindo um bar decadente é a minha compreensão para com os miseráveis, os bêbedos e toda essa gente maldita que não tem dinheiro suficiente para tomar uma pinga. E escondido do patrón e da patroa, eu os sirvo. E eles ficam gratos.
Eu já fui um deles, já fui um maldito sem dinheiro e abstemico.
Azar o deles se empregaram um punk onde tudo é caro, onde tudo é caos... fazer o que.
O resto dos problemas e não menos importante é o tédio, a irritação e a mixaria que eu ganho por doze horas de produção.
Sabe qual é o preço de uma noite perdida? 15 reais, sim, miseros 15 reais. Agora eu cheiro cocaina no banheiro com as prostitutas e com os travestis do boulevard, só para ficar esperto.
Enquanto isso nos meus olhos as olheiras vão ficando cada vez mais profundas.

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Eu que sempre levei uma vida de classe média quando meu pai era presente... Mas quem foi que te disse que você era do grupo do porcelanato, meu garoto?
Anda, vamos lá; para o pó dos domingos e para a poeira das segundas - feiras.

3 comentários:

Guilherme N. M. Muzulon disse...

haha, esse é meu guri. Não me diga que trabaia num restaurante! Ma que porca miseria hem.

Já te contei que trabaiei num também?

abraço, cara.

Raquel disse...

o pó dos domingos e a poeira das segundas ... bacana isso. duplamente bacana.

pois eu ia perguntar se tu trabalha num bar. eu já trabalhei em um e foi o melhor emprego da minha vida. vinte mangos por quatro ou cinco horas no máximo, dependendo do dia. e eu também bebericava uns drinks de grátis (não. eu não era puta! aliás, essa foi uma das poucas profissões que não tive).

Anne disse...

Isso tudo me faz sentir saudades.
Suas, é claro.