segunda-feira, 10 de março de 2008

A vida como ela é agora.


Depois de noites e mais noites biritado dormindo na rua, porque era tarde demais para bater na porta da casa de minha tia, e porque meus amigos, enfim, sempre tinham uma desculpa lamentosa e lamentável, e eu não me importava, antigamente eu me sentia mais afim de querer os outros quinhentos da estória.
A calçada do departamento de tributo, lugar burocratico, foi uma das minhas noites de sono abafado e frio, a casinha do papai noel em mês de natal, dando uma volta no vigia e me enfiando lá dentro sem que ele visse, até esperar amanhecer, e logo quando abria a igreja eu iria para lá, e enquanto a missa se desfazia em sermões e amém, estava eu dormindo no banco de trás, naquele quentinho sagrado.
A praça vazia da cidade central, tremia até doer os dentes.
Muitas vezes assistindo os garis varrerem o lixo dos outros. Eles que não participaram do abalo da noite passada, que acordavam cedo _como as galinhas. Para limparem a cena do crime.
Cantando como galinhas, e as vezes tentando voar, sem sucesso.
Hoje eu tenho duas casas disponiveis.
Ainda não toquei no meu livro, apesar de ter ideias fugazes.
Ainda não encontrei minha 'puta'.
Tô lendo Herman Hesse e passando os olhos em Mate-me por favor.
Fui chamado para uma peleja etílica ontem com um caboclo.
Bebi 8 cervejas com uma entidade.
Me amarro na trilha sonora do desenho de Charlie Brown, e do filme de Frida Kahlo.
E acho que se Deus tivesse uma voz, seria a voz elegante do Frank Sinatra.

Um comentário:

Guilherme N. M. Muzulon disse...

Cabra, "biritado" e Frank Sinatra" rimam como unhas de mulher e esmalte vermelho.

Plac, plac, plac, plac, plac, plac,