sexta-feira, 9 de maio de 2008

Memória


(Entre um cigarro e outro, dividia-mos também a dor.)


-Você acha que ele não te ama mais?


-Ele me disse que não me ama mais.


-Isso é ruim.


-É, eu sei... O que eu posso fazer? Eu ainda sou louca por ele, eu sinto um peso tão cruciante, parecido com aquele filme que assistimos, em que o personagem suspendia um rochedo, e que nos cansamos só de olhar. Eu me sinto uma piada que todos acham graça, menos eu.


-Eu sei. Isso explica os 28 anos juntos. Mas olha minha mãe, isso vai passar, não tenha duvida.


-O problema não é a duvida de que isso vai passar, o problema está na certeza de que ele não me ama mais.

Daí, noutro dia, eu cheguei em casa alto e doído, puis em catarse pintando uma tela, misturando meio mundo de cores turvas e fazendo uma colagem de uma fotografia antiga da familia de minha mãe toda reunida sentado numa grama. Muito bonita;


Aproveitei o embalo da dor e escrevi uma carta para minha progenitora.


Eis aqui:





(Achei esse texto inacabado no meios dos rascunhos do blogue, os que ficam na memória da memória do meu pen drive virtual.
Lembrei do que aconteceu com a carta referida, como se o momento fosse hoje, a poucos instantes. Foi nas férias, em Tairú, do mar eu via minha puta na areia esvoaçar com os vento, os papéis soltos dentro do caderno voando, um desses papéis era a carta para minha mãe, e o vento levou toda franqueza. Foi pro céu.)

2 comentários:

Mãos de poeta disse...

Lindo! Vai ficar na minha memória.

Polly disse...

Ei, eu conheço essa vista!
É da minha casa, e só fui perceber agora.. '-'


- Estou tão leza..