sábado, 17 de fevereiro de 2007

Da vez que minha mãe acordou e cutucou meu pai.


-Te acordei?
-Sim.
-Desculpa.
-Tava fazendo o quê acordada até essa hora?
(Depois de um bocejo)
-Tava escrevendo. Voltei a escrever! Ahn, é tão bom criar e matar pessoas... Me sinto viva quando escrevo!
(Deitando na cama)
-Hum.
-Juca.
-Hum.
-O que te faz sentir vivo?
-Respirar. (Depois de outro bocejo)
-Fora a respiração.
-Humm.
-Você grunhiu?
-Eu? Eu não.
-O que te faz sentir vivo?
-A conciencia de saber que eu estou vivo.
-Fora isso.
-Como assim fora isso?
-Você não ta vivo.
-Não? Eu tô morto, é isso?
-Você acha que vive, você apenas existe, isso não é viver. Viver é fazer algo a mais, dançar na chuva, pegar uma gripe, quase morrer, depois dançar de novo na chuva...
(Olhar perdido)
-É só isso que viver?
-A minha ultima palavra tinha reticências no final.
-Olha, eu tô com sono, tenho que trabalhar amanhã... Acordar cedo, depois a gente conversa.
-Ta bom. Desculpa... Eu só queria saber o que te 'faz' viver...
-Tá! O sexo! O sexo me motiva a viver! Aí você vai me dizer, mas fora o sexo...
-Não. O sexo é uma boa resposta. Mas eu esperava outra coisa.
-E o que você esperava de mim benzinho? Hum?
-Eu esperava uma resposta mais... Pálpavel. Você não tem nenhuma véia artistica?
-Hãn?!
-Você não faz outra coisa?
-Peraí, peraí. Onde você quer chegar com esse papo? Quer me colocar abaixo do seu chinelo? Eu escrevo mal pra caralho, leio pior ainda, não sei atuar, não sei dançar, não sei fazer porra nenhuma! E ainda aturo um emprego de merda só por causa do dinheiro! Ok, você é melhor do que eu, você ler, você escreve, você é culta... Você venceu. Eu sou um lixo banalizado.
-Não foi minha intenção, te juro...
-...
-Mas de qualquer forma... Pelo menos você acordou! Parou de roncar pra vida, sou ronco me pôs acordada durante anos, eu te via dormir o sono dos justos e dos imbecis que precisavam dormir para fazer bem o que não gosta.
-...
-...
-...
-Você enrrola um baseado como ninguem.
-Ah ta.
-É serio. Rapido e imprensado. (Achando seu olhar) Eu também gosto de te ver de farda, de quando você fecha os olhos e respira forte, de quando você ler a biblia, e me explica aquelas coisas loucas... Eu gosto da tua revolta, dos teus desenhos, da tua voz... Eu gosto de você, vivendo ou existindo, artista ou de farda... Eu gosto de você... Porque você é um lustre.

3 comentários:

Anônimo disse...

É... Existir não é viver.
Eu me dei mau quando parei de viver e fui existir pra outra pessoa.
Hoje me culpor por não ter vivido mais.
Agora é só aproveitar.
Nada de existir, vamos viver e ser feliz!
Te amo Rafa!

Anônimo disse...

CLARO QUE SIM DINHO. E Ó, TE DESCULPO SOMENTE COM AQUELA CONDIÇÃO... VAMOS ENCHER A CARA, SENDO VC FAZENDO A PORRA DO CONVITE FORMAL. HAHAHAAHA!

Anônimo disse...

Muito bom Rafa, parabéns.