domingo, 7 de janeiro de 2007

O Drogado utópico e A bailarina Niilista

Natal. Saco preto de Hilda Hilst e de todos concientes. Pena não ser eu um glutão, por que natal só tem de bom as guloseimas, confraternização familiar é o escambal!
Ao meu lado um tio crente tenta converter o meu primo gay. Essas coisas são tão chatas... Que parece que eu que sou irritante.
Convenção, catequese, obsessão por religião deviam ser consideradas um tipo de doença, sei lá, ou algum tipo de loucura, disturbio mental.

O meu amigo Bel, me dizia que apesar de tudo, ele se orgulhava de ser quem ele era.

No lugar, a luz era lúgubre, e as pessoas dançavam como num ritual satânico, o cheiro de benzina era forte e a fumaça pairava no ar fazendo desenhos psicodélicos... As pessoas não queriam se sentir, não queriam sentir a sua carne, só a sua mente, ficando plena e distante do que é ético e material.

Bel deu uma de Alberto Caeiro, e recitava coisas lindas, naturalistas. Assim, meio sem pensar disse:

- Bicho, eu quero amanhecer!
- Foi a coisa mais linda que eu ouvi hoje sabia?


Sua testa suava, suas mãos eram umidas e seu corpo liberava endorfina pôr todos os cantos, passou a palma da mão na testa e sugou o suor da alegria.

-Eu quero sugar o que me faz bem, eu quero lamber o suor da alegria!

Me sentia especial por me chamar Mr. Scareclown, mesmo que a tecla sap me reduzisse a uma relis caricatura de palhaço, mas um palhaço Mr.
O Mr. dá um ar de criatura importante!
Mas no fundo, que é tudo que a gente tem. Eu agora jogado nesse chão frio, no colo da compreensiva bailarina niilista, eu me sentia mas uma dessas latas amassadas e pisadas em que a minha vista embaçava.
Latas de cervejas tão só, jogadas pelos cantos cochichando coisas fortes e discretas. Inertes, como se fosse alvo de uma overdose peculiar.

Somos todos um conjunto, andamos juntos, fumamos juntos, mas temos viagens diferentes, cada um na sua, cada um em seu Dark side of the moon.

O mágico de Oz me disse:
- Se quiser ir, tchau.

Oh minha querida equilibrista, tenha dó desse pobre vagabundo drogado e bebado, teus olhos além de me dar tontura é compreensivo. Me olhas com temor e interrogação, me afaga como um pássaro afoito... E o que quero eu?

Eu quero beber cerveja como bebo leite antes de dormir!

Severina, tú que tenta me compreender, tú que me beija com morte e vida, respiramos o mesmo ar poluido, dividimos a mesma saliva infecta, e eu, ainda assim, não sei se eu te amo.

5 comentários:

Anônimo disse...

DEIXE SUA GORJETA PARA EU COMPRAR DOSES DE PSICODÉLIA E CIGARROS.

Unknown disse...

o primeiro passo é orgânico-psicológico... já o segundo é o que chamamos de arte!

Anônimo disse...

LEMBREI DAQUELA MUSICA DO BLITZ, UMA QUE ELE DIZ QUE ESTÁ A DOIS PASSOS DO PARAÍSO...

Anônimo disse...

Quando comecei a ler este teu texto tava triste contigo..agora não tô mais..adoro o que tu escreve..tu tem um tom mordaz que é muito singular..coisa tua mesmo..uma agonia particular rsrs
O engraçado é que eu consigo ver o que descreve com perfeição...me sinto quase dentro da cena..
Teu dom é precioso..nunca esqueça disso...
Ai quem me dera...rsrsr

Anônimo disse...

Ô MINHA LINDA, MUITO OBRIGADO. NOSSAS AGONIAS SÃO PARTICULARES, MAS TODO MUNDO É PARECIDO QUANDO SENTIMOS DOR.
NÃO FICA TRISTE COMIGO MAIS NÃO...