sábado, 25 de novembro de 2006

Eleanor Rigbh


Conhaque e Rivotril

Eleanor Rigbh morreu com uma dose demasiada de rivotril e do auxílio luxuoso de um bom conhaque.
Morta em sua cama, num quarto abafado e com luz lúgubre, o ventilador ligado espalhando frescor instantâneo, ora direita, ora esquerda...
O som alto toca repetidamente uma canção de Roberto Carlos, uma em que ele dizia ser feliz e que a tristeza nunca mais voltaria...
Pelo quarto, garrafas vazias de cervejas e bitucas de cigarros espalhadas pelo chão, e algumas peças de roupas, poucas, porque a maioria ela ateou fogo num ataque de loucura e desespero.

Seu corpo inerte e ainda quente pesa na cama desforrada. Se arrumara antes de morrer.
Vestira um um vestido negro, maquiagem cor de queijo palmira, jasmim e batom escarlate.
E uma jóia das mais bonitas de sua coleção na época gloriosa de Miss cidade alguma.

Seus olhos inchados e vermelhos de tanto chorar na noite passada, que não dormira um sono, nem aqueles dos malditos, cheios de pesadelos, que ela tanto queria...
Nada, nem um bocejo.
Apenas a insônia e a solidão.

Seus olhos cansados e insanos que muito lembra duas gudes pretas, estão parados numa folha de papel cravado com um punhal no guarda roupa de madeira.
Assim estava escrito de caneta Compactor azul: "Eis aqui a seita satânica da feiticeira"

Eleanor Rigbh morreu com 82 anos porque não tinha mais nada de pior para fazer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Deixe sua gorjeta e me faça bem.