quinta-feira, 30 de julho de 2009

Fábula dos alforjes

As coisas continuam no mesmo lugar à revelia de minhas idas e vindas de risada, nunca minha vida foi tão semelhante com minha casa, de modo que eu transforme o quarto num pandemonio, caso queira bancar o diabo da tasmânia, ou simplesmente no ato ordinário de pousar o prato na pia. As coisas estaram lá quando você voltar, graças a Deus.
Ainda trabalho no pior bar da cidade, aquelas tavernas horripilantes do Dostoievski perde, perigos públicos, malfeitores de primeira ordem circulam por lá, uma gente adoidada e lamentável dividem tempo, massa e espaço.
Numa noite intesificada por levas de seres humanos não fica dificil descobrir qual será a vitima da noite, meu patrón e eu apostamos:

"Eu acho que vai ser aquele ali Czar, olha como se pavoneia o carcamano."

"Sei não mutante... Já viu lá aquele velho dormindo na mesa? Eu acho que hoje o sortiado da noite será aquele lá!"

"O cara quando começa a bancar cerveja para todas as mesas, tragos, cigarros e tudo mais! O lince não é tão penetrante quanto os olhos dos sacizeiros dessa rota, olha como eles flagram toda cena... Olha, eu caso uma aposta naquele babaca tirado a figurão ali."

"Ta certo, ta certo mutante... vamos apostar teu ordenado, que tal?"

"O meu lucro insignificante, você quer dizer. Que é isso Czar? Vai chutar cachorro morto agora?"

"Eu tenho uma ideia melhor, então você me paga umas cervejas depois do expediente lá na feira do rato insône."

"É uma idéia razoável. Eu topo! O mesmo vale pra você, são duas a resposta pra aposta, mas tudo dará na mesma, vamos acabar embriagados no final de tudo."

"E rindo dessa merda toda!"

"Reah!"

Ganhamos a aposta, os dois foram lesados. Primeiro um, meia hora depois, outro. Uma caixa de cervejas, bebedeira e muita paródia!
Ontem eu não trabalhei por motivos fúnebres, mataram um vulgo na frente do bar. Dois rapazes suspeitos, o assasino manda o comparsa chamar o cara, assim que o infeliz sai do banheiro recebe um tiro a queima roupa e na maior cara de madeira, a sua primeira ação depois do susto foi colocar a mão na frente da bala tentando apara-la, a bala atravessou a mão e depois a costela, era para ser um tiro à forra, o que o assasino não esperava é que foi certeiro o tiro que levou o infeliz pra terra dos pés juntos.
Uma escandalosa pulou em cima de mim me derrubando por cima da mesa, os clientes pularam de seus assentos como pombos que se assustam com o alarido, os dois assasinos aproveitam pra fugir a mil. Aos arrastos e tateios, o homem preferiu morrer no banheiro infecto.
Depois do estrupicio, as pessoas se aglomeram diante do morto e tiram fotos, despudoradas, essas pessoas vence o pavor de serem roubadas numa cidade tãão perigosa, e se expremem numa exposição de celulares. Para filmar, tirar fotos, para amostrar para os parentes ou pra mandar pro Se liga Bocão a desgraça alheia, correu ligeiro a boca miuda o fato do buraco da bala feita bem no meio da palma da mão do morto, consideram o homem santo... ah, tenha dó. Todo mundo quer meter a boca numa partezinha do bem tão mal adquirido. Enfim.
O infeliz morreu, o assassino evaporou, a familia ta fodida de tristeza, o populacho ta em cima, a policia recebe refrigerantes de cortezia para aguentar o tranco, e nós do bar entulhamos as mesas por respeito ao morto, e vamos embora mais cedo. Quer dizer, não tão cedo, só fomos embora depois do desfile da policia tecnica, da policia teorica explicando para o dois guardas da tecnica que eles tinham que ficar velando o defunto porque era uma obrigação deles, e não deles, da pericia, e do IML que veio com sua prodigiosa lerdeza de Ssa... aliás, quem é que chega primeiro: A policia ou a ambulância? A segurança ou o socorro?
Amanhece, vou pra casa ouvindo Traveling Wilburys.

*****
Outra morte, foram duas em uma semana. Dessa vez foi um crime bárbaro, do alto da minha casta do balcão vejo o assasino se aproximar da vítima com um pedaço enorme de madeira, o acertando com força na cabeça, a vítima cai desmaiada na hora, e ninguém tem coragem de entrar na briga, mesmo os mais próximos do infortúnio. O assasino __ frio como o mármore, dar mais 4 cacetadas violentas na cabeça da vitima (que era um radialista) de tal modo, que faz explodir e o sangue correr com a força de uma bica. Ninguém teve reação pra nada, o assasino muito sabiamente fugiu as pressas.
Trêta de drogas. O unico contato vivo que a vítima teve foi comigo, cortamos um pó no banheiro e eu fiz ele me chupar, já que ele tava afim. Depois ele me disse que precisava ir embora porque iria trabalhar daqui a pouco, quando amanhecesse. Agora amanheceu, meu patrón chora como criança falando com a mãe no telefone, ninguém consegue entrar em contato com a policia aquela hora da manhã, eu choro também, mas bebo quantidades industriais do uísque da casa, e entro num estado impraticável. Czar vai atrás de socorro e eu fico sozinho com o defunto estirado no meio do bar, ele morto e eu bêbedo. As pessoas vão passando para trabalhar e olham curiosas sem diminuir o passo, chove triste, e a maquina de música cospe Feeling.

*****

O teatro ta em crise, as pessoas ontem foi só reclamações, mas que saco, eles alegam que não estamos muito entrosados uns com os outros, que não há cumplicidade, abaixo as panelinhas e aquela merda total!
É claro que eu não sei o nome de todo mundo de cor, e não vou mentir dizendo que chego sempre cedo nas aulas... mas, ah! tão cobrando o quê? afeto? afeto não se cobra ora porra!
E depois reclamaram de que o teatro ta sem graça, que esta tudo muito repetitivo... WOOHOO! MAS QUE GRANDE! teatro é repetição, porra!
O diretor se saiu muito bem nesse dilema, nesse conflito juvenil de carência e sensibilidade, Maick foi incrivel e esclarecedor como o dia. Mas as vezes dar umas ideias tão infelizes para seus atores praticarem.
Ainda bem que eu fumei um pra vim, não ia aguentar esse ataque de carência de cara. Todos se pronuciaram, deram pitacos, sugestões, fizeram promesas, todos falaram, menos eu que estava concanetando pensamentos... Ficaram me olhando. O diretor tomou a fala ao perceber que eu não iria abrir a boca:

"Bem... Espero que quem não tenha falado nada, esteja pelo menos refletindo tudo isso que foi dito. Rafael?"

"Eu."

"Quer falar alguma coisa, reclamar de algo?"

"Bom... Eu não chego cedo mesmo, tenho um problema serio com a qualidade das horas, eu nascir de 7 meses e essa foi a primeira e ultima vez que eu cheguei cedo num compromisso. Mas eu prometo que daqui pra frente, em consequência a tudo que foi dito, eu chegarei cedo nas aulas."

"Prometa depois de acordar! Abra os olhos primeiro, ta com os olhinhos tão puxaaadinhos!" _ Observa Magda, com irônia.

"Ok! Eu chego tarde, mas eu venho e me empenho! O que é mais importante, não tenho problema com minha amostra, mesmo que ela seja algo tão idiota. Vamos ser cumplice um do outro, vamos nos dar de verdade, temos um espetáculo para apresentar final do ano, eu não sei vocês... Mas eu não quero participar de uma comédia dos erros."

Todos concordaram e selaram paz e amor, uma menina cristã contou uma história toda metáforica me jogando indireta, sobre o significado de acordar, como era mesmo? Quem acorda cedo, colore mais cedo a sua vida acordada. E eu pensei: se é assim, minha vida só ganha cor lá para as 5 da tarde em diante, que é quando eu reponho a noite que eu perdi vendo malogro a olho nu.
Depois dos reclames e dessa injeção de ânimo bem no meio da testa, fomos ensaiar para amostra. A amostra ta um cagaço, odinária, tosca. Quem zombou de mim por causa dos 4 patinhos da Xuxa, sem ter pra onde correr, se viu intepretando o sabão cracrá e outras ninharias condenáveis a moral.
As pessoas sempre opitam para o lado cômico da coisa toda, como um sinalizador, se as pessoas tiverem rindo da esculhambação é porque estão gostando, e se estão gostando, é porque ta bom. Olha só, noticia velha, não é bem assim.
Magda é minha colega do teatro, do tipo asno. Eu faço força pra gostar dela, só Deus sabe como tento, mas não dar para aceitar imbecis com boa cara, não dar mesmo. Ela tem uma gracinhas tão sem propositos, e o que me dar mais raiva é que é o jeito dela mesmo, pobrezinha. Não vai mudar.
Magda no meio da roda que o mestre mandou fazer, manda essa para o Mauricio que está do outro lado:

"Você ta com um nariz graaaande... Parece que tomou alguma coisa para o nariz crescer, ta um narigão! Já sei, você passou óleo, não foi?!"

Oi?

O coitado do Mauricio, que é da roça, ficou sem entender bulhufas... passou o resto da aula massageando seu pobre nariz, se ele fosse eu, diria:

"Ah, vai sifudê vadia! A proposito, tenho algo muito maior que o meu nariz pra te amostar"

Vou contar pro Mauricio a história do Cyrano de Bergerac, talvez ele se identifique.

*****

No amor ainda não conto com estabilidade, entregar os pontos as vezes ajuda bastante, o que vocês fazem com suas habituais cagadas, hein? Eu vou dar um tempo nessas inutilidades românticas e aproveitar para dar uma lustrada no meu brio.

Seleção

Eu acho que eu acho que se tudo der certo, eu vou ser o filho da Camila Pitanga, na próxima novela das 6, da rede globo.
até que a gente se parece.
mira aé os focinhos.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Nina Simone


PE-LA-DO-NA!

L7 - Shitilist



Rock and Roll, fellas !

Eu volto



Mas quem afirma o contrário?
Enquanto isso, fiquem com essa empolgante partida! Vai que é tuuuua Sócrates!

p.s.: Como diria o oráculo de Apolo: Não tirem o pé da ostra, ok?

P. Leminski



Foda esse meu guia.
Quanto a mim: Maus poemas,francamente maus. Apenas palavras vãs subtilmente combinadas, expostos ao sol e a sorte. Eu gostava da minha liberdade de quando eu era um pivete e escrevia tudo que minha boca assomava, é claro que hoje eu escrevo tudo o que minha boca assoma,como vocês podem notar... mas sou muito exigente com o que escrevo, e a exigência é um defeito essêncial meu. O que eu preciso é de um bom conto inédito, sem hesitações.
E não é do perigo que tira grandes feitos?
É.
No mesmo passo que é da covardia que se ganha mil maravilhas e uma multidão de vantagens,
um mar delas.

domingo, 12 de julho de 2009

Isso tudo porque a gente é tipo catarro/parede...

À guisa de saudade, eu sinto a sua falta.
Seria a lembrança prejudicial?

Desprezo coletivo involuntário

Uma coisa inédita aconteceu. Eu estava me vendo em um dia de pã, com dinheiro suficiente pra encher a cara, mais uma Tauros com 8 tiros finos para cada um, cigarros. Toda parafernália para uma noitada adentro, e o meu meio comum de locomoção foi um livro e ter viajado roído de fome para ver as obras no Museu de arte moderna, aproveitei que não tinha comida pronta em casa e sair sem comer nada, isso tudo para achar todos os quadros envolventes, segundo Hemingway aconselha. A arte notável pelo estômago, o estômago que vive à revelia de toda desgraça da vida.
Mas eu estava com bala na gulha e não havia nenhum alvo, não tinha com quem me divertir ou conversar, e eu me conheço o bastante para me divertir comigo mesmo, sem poder esculhambar ou roubar no jogo. Seria um cínico consciente do meu espetáculo, um vilão canastrão.
Diria uma conspiração maliciosa, um desprezo coletivo involuntário foi o que aconteceu, por reais motivos alheios e diversos, vindo das pessoas que eu convidei naquele dia.
Viajei na pala do pó de carona com uma tia, salvo por uma vuarnet mais palosa que a situação, mas que podia esconder as pupilas sobre-saltadas, e também pelo álibi de que iria para o Museu da Arte Moderna. Para ela, eu não iria cair em decadente esbórnia, eu era no fundo no fundo, um bom menino, um menino culto. Iria ver arte.
O tráfico de arte e toda aquela gente boçal... Certamente detestaria. E eu estava lá para me divertir às custas dos outros.
Mas eu estava com bala na gulha, e ainda tinha uma fome canina, tudo isso iria me deixar em perfeito estado mental, meio santo, meio gárgulesco. Resolvir numa madrugada inspirada sair desse covil provinciano e ver de quem são as sombras lá fora, e o MAM é tipo essas clínicas de reablitação de gente rica, do tipo do Fábio Assunção... uma beleza de paisagem.
As horas passavam a passos longos e desonestos ou eu estava muito lento naquele dia? Ou as praças eram muito grandes, ou não havia nenhum bar a primeira vista que valesse apena entrar e tomar um grande trago de espera.
Desistir do MAM, da arte e do jazz session, resolvir comprar um vespertino, tomei um uísque com soda num bar em frente a escola Kate Wislet, e por isso dividia a propaganda enganosa do jornal com os brotinhos virtuosos que iriam jogar vôlei na quadra da escola, naquele tarde de sábado.
Achei uma puta atraente e barata no jornal, resolvir ligar pra ela. Não, a minha tarde não fracassou. Vamos ver o que acontece se for do meu jeito.
Depois de vários pileques e entradas contínuas em banheiros públicos, fomos até o apartamento de um amigo jornalista desempregado e fizemos uma festa a três, um verdadeiro festim bármecida, imaginando banquetes. Chegamos perto da santidade de três corpos a pingos de suor e a loucura emanando junto.
Gastamos todo resto da munição da pistola de mulher usando o ferro de passar roupa para facilitar a físsura.
Cheguei às 20 em casa e desabei na cama feito uma madeira podre.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Forma bruta (Texto, eu, a vida...)


Eu me apaixonei, logo, não deu certo. Cheguei muito atrasado no espetáculo, deveria ter conhecido ela bem antes do primeiro e único namorado dela entrar em cena. Oh, como ela é perfeita, ela não trai.
Quando o reboque me resgatou da provincia, nos encontramos e formalizamos o rompimento, ela continuou dizendo que a culpa era minha, que estava se sentindo carente, mas que estava confusa também... Que o namorado trata ela mal, não lhe dá atenção, mas que ela é apaixonada por ele, o que ela poderia fazer?
Eu dei pitacos, não como alguém despeitado, não como o outro, mas sim como alguém que está alheio a tudo, que do alto da sua casta, está vendo tudo com lentes de binóculo e que, como todos, vê que esse relacionamento não tem mais estrada. O namorado dela é um daqueles trastes tão parecidos com outros que não tem nem qualidade de descrição significativa.
Tomamos umas cervejas, e como eu sou um cão eficaz, fiz de tudo e mais um pouco para ela me deixar passar a noite em sua casa... E depois de muita pilha, depois de muita demagogia e promesa cafona do tipo "Fica comigo esta noite e não se arrependerás", ela cedeu.
É claro que eu entendo a recaída de casais recém-separados, isso é normal_ por isso não me senti traído. E por que então comigo seria diferente?
Fizemos um sexo bem gostoso, e dormimos abraçadinhos. Na manhã seguinte ela se atrasou para o trabalho porque não queria pertubar o meu sono, eu já disse: ela é perfeita! Eu esqueci meu patuá em sua alcova. Fui buscar no outro dia, a pedido dela.
É claro que eu me atrasei um monte, eu sempre me atraso. Ela mora longe pra caraleo, e eu fui andando, destilando a brisa e me esquivando dos travecos do boulevard que me pediam dinheiro e faziam promesas de boquetes sensacionais.
Quando eu cheguei em sua rua, ela já estava no sétimo sono, a acordei e ela apareceu na varanda do segundo andar com uma calcinha de pirar o cabeção do meio das pernas.

"Vamos lá! Jogue suas tranças! Está frio pra cacete aqui fora!"

Ela jogou a chave e eu corrir escadaria acima, e ganhei a casa.

"Eu estava dormindo."

"Tudo bem. Volte para os braços de Morfeu. Eu só quero assistir Som e Fúria."

"O que é que você quer Rafael ?"

"O que é que há com você? Não me diga que... Já sei. A minha felicidade bateu assas, não foi? Minha alegria alçou vôo."

"Sim."

"E... Você não quer que eu fique aqui, certo?"

"Eu tenho medo dele chegar assim de repente... Não é nem medo, eu poderia dizer que você é meu primo."

"Deus me livre disso! Não por medo desse patife do seu namorado, mas receio passar por uma situação rídicula como essa, eu me passando por outra pessoa! Essa é boa!"

"Eu sinto muito. Eu te avisei..."

" Ok. Olha só, eu já entendi tudo, no entanto não precisa se explicar. O seu namorado está te tratando muito melhor agora, não é?"

"É."

"Ele está exatamente como você queria... E você gosta muito dele. Ou seja: Uniu o útil ao agradável. Perfeito. Seria uma indiscrição da minha parte atrapalhar seu momento alegre. Eu vou indo."

"Escuta! Aaaaa... Rafa... A culpa também é sua, você tem a sua parcela de culpa! Se você não me deixasse aqui tão só para ver seus amigos, quem sabe agora..."

"Se a tua vontade de ficar comigo fosse maior do que a minha culpa... Eu teria um aliado. Au revoir !"

"Espera, deixa eu te levar até o ponto de táxi."

"Eu não vou de táxi, eu vou andando."

"Eu faço questão de pagar um táxi pra você. Você mora longe... Por favor, venda o seu orgulho e compre uma bicicleta."

"Que seja."

Descemos e fomos devastando a rua, eu estava muito amargo, me mordendo de raiva por dentro. Tomei banho e até passei perfume, tomei açaí e até comi ovo de codorna com sal, levei o dvd de Cassião do Rock in Rio só para vermos os peitinhos murchos da Cassia Eller juntos, e nem isso. Eu estava realmente muito, mas muito aborrecido.

"Eu estava até escutando Cassia Eller um dia desses." _ Ela falou no intuito de quebrar o gelo.

"E daí? Depois desse fora que você me deu, essas coiecidências não querem dizer mais nada." _ Disse eu, frio.

"Você está com raiva de mim, não é?"

"É claro que não! Sim, é claro que eu estou! Mas eu vou superar, eu vou sair dessa rapidinho."

"Eu gostei muito de você, não queria que você sofresse."

"Sofrer é o charme da vida, assim como o talvez. Mas eu vou ficar bem. Olha, sem mágoa ta bom? Eu amo porque quero, e quero porque amo. Pára de me tratar como um coitadinho, eu não sou um pobre diabo! Eu vou ficar bem."

"Sim, você vai. E vamos ser amigos."

" Não, não vamos não. Eu não quero ser seu amigo."

"Mas por que não?"

"Vai ser mais fácil pra mim assim. Quando eu tiver pronto eu te procuro."

Finalmente chegamos ao ponto de táxi.

"Você tem mais alguma coisa para me dizer?" _ Falei quebrando o enorme silêncio que jazia.

"Não." Ela disse.

"Eu não quero ser um agourento, nem um despeitado... Mas tome nota disso: eu sei que você vai voltar pra mim, eu sei que esse namoro seu não vai dar certo, que esse seu namorado ta de blefe com você. Mas não irei lhe aporrinhar, nem acender vela, vou lutar por você como se joga Wear"

Ela aquiesceu, mas ainda continuou bastante confusa.
Eu dei de ombros, fiquei de saco cheio disso tudo, isso tudo esta tomando tempo demais para um fim, deveria ser instantâneo como o fim, ela abriu a boca e falou com uma voz choramingas... disse que eu era irônico e insensivel, que eu poderia muito bem passar em revista a decisão dela e tentar entender, que ela precisava conversar com alguém, que precisa de bons conselhos.
Eu mandei ela ligar para o CVV. Quem sabe lá não teria bons conselhos disponíveis. Entrei no auto e abalei.

Quando chego em casa dou de cara com minha mãe toda feliz com o seu novo namorado, conversou comigo com um brilho nos olhos que eu nunca tinha visto em toda minha vida, ela me disse que estava muito feliz. Me deu vontade de chorar, me senti um fodido, fiquei com inveja de minha mãe, mas a inveja educadamente deu lugar para uma alegria absurda, minha mãe merece nada menos que o melhor. O que acontece comigo? Há algo que faz com que eu não mereça?

Nesse momento o demônio familiar, localizado ao lado esquerdo do cérebro, desdenha e zomba: "Não seja ridículo Rafael, esse negócio de paixão e de sofrer a propósito, você batia um bolão quando tinha 14 anos, e sabe disso. Não confunda se apaixonar com ser embucetado, é o que há. Você só levou uma surra de buceta. Não confunda as coisas, seu cretino!"

Só não sei qual é o pior. Se se apaixonar, ou estar embucetado.

domingo, 5 de julho de 2009

Say o destino.

Há quem precise de amor para viver
Há quem precise viver de brisa
Há quem precise de um só para bastar
Há quem precise de apenas um meio
Há quem encontre carinho quando nada pede
Há quem é agraciado quando rouba.

Somos todos ao sabor do interesse da felicidade.
Somos todos ao sabor do interesse de se dar bem.
É porque viver é tão chato que a gente ama.
Conquistando ou usurpando uma felicidade,
o triunfo é iminente.
Say o destino.

Beatificada




Tereza de Lisiuex que eu tanto confio, me dar teus pés pra eu lavar.

sábado, 4 de julho de 2009

Uma salva de palmas

Será essa a cara do populacho quando me vê na peça de fim ano, do curso de teatro da Cidade do Saber.
No palco do sabor eu estarei com cabelos de uma cor de ovo, de um amarelão oxigenado, e com uma tatuagem no braço escrito Caça Cabaço. (mas isso o diretor não sabe)
Tudo isso porque tô numas de paradioar o Homem do Ano, imitar os sacizeiros, homenagear Etta James e fuleirar minha carcaça.
Não sei que espetáculo será, mas será no mínimo divertido.
Paga pra ver?
Passa na bilheteria.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Eu gosto desse aqui

Não resistir...


Ah, o Michael Jackson tombou né? Só folgarei em saber quando este estiver sepultado, cremado ou empalado no Museu do Louvre, como era de seu grandiosissímo desejo. Desconfio dessa morte, o cara não estava falido? E cadê o corpo? Que funeral mais amarrado... Pra quem mudou de cor natural, forjar a própria morte é fichinha. O Elvis não fez isso, ora porra?
Se bem que no caso do Jackson seria dificil ele se esconder em qualquer lugar desse mundo, uma vez que ele é conhecido pelo mundo inteiro, uma vez que ele se tornou uma aberração estética e que mais nenhuma plástica surgiria efeito pro bem... A não ser que ele tenha se escondido em um dos subsolos das suas passagens secretas.
É tudo brincadeira, não me levem a sério.
Morre o cara que ameaçou jogar o filho bebê da janela muito antes disso virar modinha.
Morre o Rei do Pop, o unico cara que passou por 256 tons de cinza numa só encarnação.
Uma morte triunfante, eu diria. Ele nunca fez tanto sucesso como está fazendo agora, os camelôs estão abarrotados de sucessos do rei do pop, vários, muitos, todos em edições limitadas.
As pessoas do bairro agora só ouvem Michael Jackson, gente que nunca ouviu, agora gosta, agora é fan xiita.
A morte tem dessas coisas. Com o Cazuza também não foi assim?
Ninguém lembrava mais do Cazuza até ele ser revitalizado e ressucitado pelo filme sobre sua vida, aí o cara estourou, fez tanto sucesso que os ossos do Barão tremeram na cova.
A Angela Ro Ro precisa morrer.
Valeu Jackson,

Quant à moi, je m´amuse!

Encontro de princípios básicos

Pode sair, meu bem.
Ela já se foi.
Olha a bagunça que ela fez, meu bem.
Essa lama quem trouxe foi ela.
Pelas patas, como porcos.
Ela me deixa um caco, meu bem.
E eu ainda tenho o dom de a tudo piorar.
Ela e sua liberdade me desafiam
Dois contra um é covardia
Sou temperamental por natureza.
A renite herdei de meu pai
o ciume de minha mãe
a ameaça do além.
A ousadia herdei de Deus
A rebeldia herdei do Diabo.
Hoje ela estava realmente notável, e houve determinados momentos que eu ri com vontade pura e espontânea.
O cara que me bateu aquele dia, mas que foi o meu amigo a vida inteira, queria que o Didi fosse o seu pai. Nunca soube qual era o pior, se ele queria o Didi ou o Renato Aragão como pai. O Didi foi somente o que restou dos trapalhões, mas ele queria o Didi, e falava assim pra mim com a inocência de uma criança retardada, não se vigiando por frações. Se tornando analítico interino, ele se deixava escapar a capa de mau. E eu percebia, analítico externo.
Não sei porque me lembrei do desdito, a verdade é que daqui pra frente eu não vou mais lembrar, eu nunca vou esquecer _ Segundo Barrão, salmo 5.
Talvez só tenha lembrado para debochar, a coragem se encontra toda aqui, a rebeldia como se diz. É aqui que os escondo os meus muques, mas isso para mim é pouco porque a maioria dos meus arc rivais são semi-alfabetizados.
Eu só queria um encontro aberto, de frente. Para eu deixar de ser uma farsa momentânea.
Escondi esse tempo inteiro no paladar o gosto da Schneider Weisse que eu encontrei na geladeira junto com as suas irmãs gêmeas.
Ouvi Nuvem Negra, enviei uma bomba fabricada, um consolo que não é de minha autoria, e assistir um filme pornô que achei na boca do trash, só com as gatas maravilhosas e mais fodidas do Rio de Janeiro e das cidades circuvizinhas (Vou escrever sobre esse filme, baixaria total ao som do funk carioca.) Li também uma página aleatória da Divina Comédia de Dante Alighiere, e fumei maconha.
A minha cabeça estava poluída, mas ainda cabia a inveja.
Sabe aquela coisa que a grama do vizinho tem mais orvalho que a sua?